Movimento antivacina em (dis)curso no espaço digital: regionalizações porosas do/no dizer

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21747/21833958/red14a2

Palavras-chave:

Análise de Discurso, Movimento Antivacina, Twitter

Resumo

Ancorado no arcabouço teórico-metodológico da Análise do Discurso de linha francesa e à luz das condições de produção da pandemia causada pela Covid-19, este trabalho tem o objetivo de refletir sobre a discursivização da vacinação obrigatória pelo movimento antivacina no espaço digital. Metodologicamente, circunscrevemos o nosso campo discursivo de referência ao Twitter, mais precisamente em torno da hashtag #Dia22VaiSerGigante, que à época fez circular a agenda de diversas manifestações ao redor do país contra a vacinação obrigatória e que aponta para um desejo comum de enlaçamento social dos sujeitos-usuários, para uma tomada comum de posição em face do movimento antivacina. Nessa empreitada, buscamos especificamente compreender: (i) o modo como os “discursos sobre” (Mariani, 2018) intervêm nos processos de identificação dos sujeitos-usuários do Twitter; (ii) o modo como os sentidos que circulam no interior do movimento antivacina (re)produzem efeitos de censura (Orlandi, 2007); (iii) o funcionamento do cinismo (Safattle, 2008) na solicitação do Outro a movimentos de identificação. Por fim, buscamos apontar, em nosso gesto analítico, o papel do Twitter enquanto um espaço discursivo de legitimação do saber institucional que não opera senão pelo ideológico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Pedro Henrique Carvalho de Arruda, Universidade Federal de Pernambuco

Mestrando em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco (Brasil).

Fernanda Correa Silveira Galli, Universidade Federal de Pernambuco

Doutora em Lingüística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas, Brasil (2008).
Professora Adjunta da Universidade Federal de Pernambuco (Brasil).

Referências

ALTHUSSER, L. (1980). Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. 3 ed. Editorial Presença/Martins Fontes.

COURTINE, J.-J. (1984) Définition d'Orientations Théoriques et Méthodologiques en Analyse de Discours. In: Philosophiques, v. 4, n.2, Paris.

COURTINE, J.-J. (2014). Análise do Discurso Político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Carlos: EdUFSCar – Editora da Universidade Federal de São Carlos.

DIAS, C. (2018). Análise do discurso digital: sujeito, espaço, memória e arquivo. Campinas, SP: Pontes Editores.

EHRENBERG, A. (2010). O culto da performance: da aventura empreendedora à depressão nervosa. Tradução de Pedro F. Bendassolli, São Paulo: Ideias & Letras.

FOUCAULT, M. (1972). A arqueologia do saber. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. 1 ed. Petrópolis: Vozes.

FOUCAULT, M. (2004). Michel Foucault: o discurso nas tramas da História. In: FERNANDES, C; SANTOS, J.B.C. (Org.). Análise do discurso: unidade e dispersão. Uberlândia: Entremeios, p. 19-42.

GALLI, F. C. S. (2008). (Ciber)espaço e leitura: o mesmo e o diferente no discurso sobre as “novas” práticas contemporâneas. 2008. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

GRIGOLETTO, E; GALLI, F. C. S. (2019). Discursividades online: o processo de (des)identificação pelas hashtags. In: IX SEAD. Anais. Recife: UFPE. Disponível em: https://www.discursosead.com.br/_files/ugd/27fcd2_7504c36a0bd644fc80e6cb867289236d.pdf. Acesso em: 20 de junho de 2024.

GRIGOLETTO, E. (2005). O discurso de divulgação científica: um espaço constitutivo intervalar. 2005. (Tese de doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul.

GRIGOLETTO, E. (2011) O discurso nos Ambientes Virtuais de Aprendizagem: entre a interação e a interlocução. In: GRIGOLETTO, E.; DE NARDI, F. S.; SCHONS, C. R. (Orgs.) Discursos em rede: práticas de (re)produção, movimentos de resistência e constituição de subjetividades no ciberespaço. Recife: Editora da UFPE.

INDURSKY, F. (2005) Formação discursiva: ela ainda merece que lutemos por ela? In: Seminário de Estudos em Análise do Discurso: mapeando conceitos, confrontando limites, 2. Anais [...]. Porto Alegre: UFRGS. Disponível em: https://www.ufrgs.br/analisedodiscurso/anaisdosead/2SEAD/SIMPOSIOS/FredaIndursky.pdf. Acesso em: 20 de junho de 2024.

GRIGOLETTO, E. (2021). Sou mulher de verdade, empoderada, feminina: a identificação de gênero entre os engodos ideológico e tecnológico. Leitura, n. 69, p. 187-205. Disponível em: https://www.seer.ufal.br/index.php/revistaleitura/article/view/11264/8613. Acesso em: Acesso em: 20 de junho de 2024.

MARIANI, B. (1998). O PCB e a imprensa: os comunistas no imaginário dos jornais. Campinas, SP: UNICAMP.

MARIANI, B. (2018). Discursividades prêt-à-porter: funcionamento de fake news e processos de identificação. Entremeios. Revista de estudos do discurso Entremeios , v. 17, p. 3-18.

MOREIRA, C. B. (2018). Bloqueado, suspenso, fora do ar: a atualidade da censura no espaço digital. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, SP, v. 60, n. 3, p. 847–868. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8651532. Acesso em: 20 de junho de 2024.

OMS. (2020). A OMS afirma que COVID-19 é agora caracterizada como pandemia. Brasília, DF. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=6120:oms-afirma-que-covid-19-e-agora-caracterizada-como-pandemia&Itemid=812. Acesso em: 20 de junho de 2024.

ORLANDI, E. P. (2005). Michel Pêcheux e a Análise do Discurso. Estudos da Língua(gem). Estudos da Língua(gem). Vitória da Conquista n. 1, p. 9-13.

ORLANDI, E. P. (2007). As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6. ed. Campinas: Editora da Unicamp.

PÊCHEUX, M. (1983). O Discurso: estrutura ou acontecimento. Trad. de Eni P. Orlandi. Campinas: Pontes.

PÊCHEUX, M. (1997). Análise Automática do Discurso. In: GADET, Françoise; HAK, Tony (Org.). Por uma análise automática do discurso: Uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 3. ed. Campinas: Editora da Unicamp.

PÊCHEUX, M. (2007). Papel da memória. In: ACHARD, P. (Org.). Papel da memória. Campinas: Pontes.

PÊCHEUX, M. (2014). Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 5. ed. Campinas: UNICAMP.

RADDE, A. (2020). 31. LÍNGUA. In: LEANDRO-FERREIRA, M. C. (org.). In: Glossário de termos do discurso - edição ampliada. 1 ed., Campinas, SP: Pontes Editores, p. 181-184.

SAFATLE, V. (2018) Cinismo e falência da crítica. São Paulo: Boitempo.

TWITTER. (2018). A influente audiência do Twitter. Disponível em: https://marketing.x.com/pt/insights/a-influente-audiencia-do-twitter#:~:text=Em%20rela%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20experi%C3%AAncia%20do,que%20o%20torna%20altamente%20valioso. Acesso em: 20 de junho de 2024.

KRAMER, R. K. (2020). Da inspiração à interpelação: o discurso fitness no Instagram. 2020. Tese (Doutorado em Letras) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife.

Downloads

Publicado

28-07-2024

Como Citar

Arruda, P. H. C. de, & Galli, F. C. S. (2024). Movimento antivacina em (dis)curso no espaço digital: regionalizações porosas do/no dizer. Redis: Revista De Estudos Do Discurso, (14), 40–63. https://doi.org/10.21747/21833958/red14a2

Artigos Similares

<< < 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 > >> 

Também poderá iniciar uma pesquisa avançada de similaridade para este artigo.