Duas Próteses Anatómicas, da Idade Moderna, encontradas em Lisboa

Résumé

O presente texto aborda questões relacionadas com duas raras próteses anatómicas
humanas, uma exumada em sepultura de inumação da Igreja do Carmo de Lisboa e a outra
em poço, reutilizado como lixeira, do Convento de Santana daquela mesma cidade. A primeira
corresponde a extremidade de dedo polegar, produzida em prata, e a segunda aos quatro
dentes incisivos superiores, tendo sido realizada em marfim, provavelmente de elefante. Desde
cedo que as sociedades humanas atribuíram especial importância à aparência e às condições
físicas dos seus membros. Todavia, aqueles aspectos, principalmente decorrentes de factores
económicos e sociais, quiçá mesmo religiosos, haveriam de ser exacerbados, sobretudo entre
as elites, políticas, militares e religiosas, a partir do século XVI e principalmente nas centúrias
seguintes, onde se pretendeu identificar o aspecto de cada indivíduo com a sua condição
social e material.