Dialogismo e Polifonia: um olhar sobre o enunciado interrogativo no discurso publicitário
DOI:
https://doi.org/10.21747/21833958/red13a1Palavras-chave:
Dialogismo, Polifonia, Interrogativas, PublicidadeResumo
Neste artigo visamos abordar o dialogismo e a polifonia e analisar a sua coocorrência no discurso publicitário por meio de enunciados interrogativos selecionados de páginas de Facebook de estâncias turístico-hoteleiras e companhias aéreas. Bakhtine (1977) considera o diálogo uma importante forma da interação, mas entende que a vocação interativa se estende a todos os discursos, mesmo àqueles que não são intrinsecamente interacionais. Nesse sentido, para Bakhtine, todos os géneros são dialógicos. Partindo dessa noção, o dialogismo ocorre entre textos ou mesmo entre interlocutores, dentro do discurso, processo que se manifesta, geralmente, através de uma pluralidade de “vozes”, motivo pelo qual a polifonia entra em cena. A polifonia (Ducrot (1988; 1987)) concentra-se na encenação das várias vozes que ocorrem no enunciado. O campo das interrogativas é vasto, assim, a interrogação e pergunta podem não referir a mesma coisa. De acordo com Rodrigues (1998, p.12), a interrogação refere-se “apenas ao aspeto formal de um enunciado, enquanto o conceito de pergunta releva do âmbito pragmático”, domínio deste trabalho. Os resultados parecem mostrar que o dialogismo e a polifonia potenciam a interação entre os interlocutores do discurso sob diversas estratégias discursivas, entre as quais se contam os enunciados interrogativos, que funcionam como um poderoso mecanismo discursivo em publicidade, pois reduzem a distância e a tensão entre o Locutor e o Alocutário.
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