Representação discursiva e orientação argumentativa em enunciados proferidos em uma situação de modalidade de discurso polêmico: as imagens do machismo e da misoginia
DOI:
https://doi.org/10.21747/21833958/red13a3Palavras-chave:
Combate ao machismo e à misoginia, Argumentação, DiscursoResumo
Partindo do pressuposto de que todo discurso é ideológico e marcado argumentativamente, este trabalho tem por objetivo analisar as marcas do machismo e da misoginia presente em enunciados envolvendo uma polêmica instaurada a partir de uma fala do cantor brasileiro Zé Neto. No dia 12 de maio de 2022, durante um show na cidade de Sorriso, no estado brasileiro de Mato Grosso, o cantor, que faz dupla sertaneja com Cristiano, fez um discurso em apoio ao então presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e contra a Lei Rouanet. De sua fala, destacamos o seguinte trecho: “A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba[1]’ pra mostrar se a gente tá bem ou não, a gente vem simplesmente aqui e canta”. Trata-se de uma referência direta à tatuagem que a também brasileira e cantora Anitta tem em seu corpo. Esse episódio foi o estopim para uma discussão travada nas redes sociais permeada de falas misóginas, objeto de nossa análise. Do ponto de vista teórico, ancoramo-nos, sobretudo, em Amossy (2017, 2018, 2020), Cavalcante et al (2020), Adam (2011) e Chapanski (2020). Os resultados apontam que ainda há, de forma muito presente, um discurso machista e misógino, que deve ser combatido, assim como todo e qualquer discurso de ódio, pois coloca as mulheres em situação de grave vulnerabilidade social.
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