Monossílabos CV do português: leves e degenerados? Sonoridade vocálica e iteração de elementos na atribuição de peso e na preservação da minimalidade em português

Autores

  • João Veloso Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Centro de Linguística da Universidade do Porto

Resumo

A inclusão de uma Condição de Minimalidade imposta pela fonologia do português a todas as palavras da língua tem sido objeto de discussão em estudos anteriores. A existência de um número considerável de monossílabos CV em português descritos como “leves” tem sido apontada como um argumento que desvaloriza uma restrição de minimalidade nesta língua. Neste trabalho, defenderemos que a fonologia do português é sensível à minimalidade: com a exceção de um número reduzido de casos (de que os clíticos monossilábicos são os principais exemplos), todas as palavras do português obedecem a uma Condição de Minimalidade de tipo moraico que estabelece que qualquer palavra da língua é, no mínimo, bissilábica e, caso seja monossilábica, deverá corresponder a uma sílaba pesada. O peso silábico será assim assumido aqui também como uma restrição importante da fonologia do português. Além do critério tradicional para atribuição de peso silábico (a ramificação da rima), será proposta uma parametrização do peso baseada na sonoridade e na iteração de elementos (de acordo com o quadro da Fonologia dos Elementos). Assim, os monossílabos do português – ou através da ramificação da rima, ou através do peso inerente das vogais com maiores graus de sonoridade ou iteração de elementos – são aqui apresentados como palavras em concordância com a Condição de Minimalidade de tipo moraico proposta no artigo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Angoujard, J.-P. 2003. Phonologie et diachronie. In. J. P. Angouojard et al. (Eds.). Pho- nologie: Champs et perspectives. Lyon: ENS Editions, pp. 173-194.

Angoujard, J.-P. 2006. Phonologie déclarative. Paris: CNRS.

Aronoff, M. & Fudeman, K. 2005. What is Morphology? Malden MA: Blackwell. Backley, P. 2011. An Introduction to Element Theory. Edinburgh: Edinburgh University Press.

Barbosa, J. M. 1965. Etudes de Phonologie Portugaise. Lisboa: Junta de Investigações Científicas do Ultramar. 2.ème éd.: Évora: Universidade de Évora, 1983.

Barbosa, J. M. 1994. Introdução ao Estudo da Fonologia e Morfologia do Português. Coimbra: Almedina.

Bisol, L. 2000. O Clítico e o seu Status Prosódico. Revista de Estudos da Linguagem. 9(1): 5-30.

Blevins, J. 1995. The Syllable in Phonological Theory. In: J. A. Goldsmith (Ed.). The Handbook of Phonological Theory. Cambridge MA: Blackwell, 206-244.

Boltanski, J.-E. 1999. Nouvelles directions en phonologie. Paris: Presses Universitaires de France.

Booij, G. 2004. The morphology-phonology interface in European Portuguese. Review article of M. Vigário, The Prosodic Word in European Portuguese. Journal of Por- tuguese Linguistics. 3(1): 175-182.

Bosch, Anna R. K. 2011. Syllable-internal Structure. In: M. Van Oostendorp et al. (Eds.). The Blackwell Companion to Phonology. Oxford: Wiley-Blackwell, II, 781-798.

Brandão de Carvalho, J. 1988. Réduction vocalique, quantité et accentuation: pour une explication structurale de la divergence entre portugais lusitanien et portugais bré- silien. Boletim de Filologia. XXXII: 5-26.

Brandão de Carvalho, J. 1989. Phonological conditions on Portuguese clitic placement: on syntactic evidence for stress and rhythmical patterns. Linguistics. 27: 405-436.

Brandão de Carvalho, J. 1993. De quoi sont faites les voyelles? Phonologie tridimensionnelle des particules et harmonie vocalique. In: B. Laks, M. Plénat (Eds.) De natura sonorum: Essais de phonologie. Saint Denis: Presses Universitaires de Vincennes, 65-100.

Brandão de Carvalho, J. 2011. Contrastive hierarchies, privative features, and Portuguese vowels. Linguística. 6(1): 51-66.

Broselow, E. 1995. Skeletal Positions and Moras. In: J. A. Goldsmith (Ed.). The Handbook of Phonological Theory. Cambridge MA: Blackwell, 175-205.

Camara Jr., J. M. 1971. Problemas de Lingüística Descritiva. Petrópolis RJ: Vozes. Collischonn, G.; Wetzels, W. L. 2016. Syllable Structure. In: W. L. Wetzels et al. (Eds.). The Handbook of Portuguese Linguistics. Oxford: Wiley-Blackwell, 86-106.

Davis, S. 2014. Quantity. In: J. A. Goldsmith et al. (Eds.). The Handbook of Phonological Theory. 2nd ed. Oxford: Wiley-Blackwell, 103-140.

Freitas, M. J. 2016. A sílaba na gramática do adulto e na aquisição de língua materna. In: A. M. Martins, E. Carrilho (Eds.). Manual de Linguística Portuguesa. Berlin: De Gruyter, 663-687.

Goldsmith, J. A. 2014. The Syllable. In: J. A. Goldsmith et al. (Eds.). The Handbook of Phonological Theory. 2nd ed. Oxford: Wiley-Blackwell, 164-196.

Gori, B. 2007. La grammatica dei clitici portoghesi. Firenze: Firenze University Press. Hammond, M. 1989. Cyclic secondary stress in English. Proceedings of the West Coast Conference on Formal Linguistics. 8, 139-153.

Hammond, M. 2011. The Foot. In: M. Van Oostendorp et al. (Eds.). The Blackwell Companion to Phonology. Oxford: Wiley-Blackwell, II, 949-979.

Hayes, B. 1980. A metrical theory of stress rules. Ph Diss. The Massachusetts Institute of Technology.

Hayes, B. 1989. The prosodic hierarchy in meter. In: P. Kiparsky & G. Youmans (Eds.). Rhythm and meter, Orlando FL: Academic Press, 201-260.

Hogg, R.; McCully, C. B. 1987. Metrical Phonology: A Coursebook. Cambridge: Cam- bridge University Press.

Machado, J. P. 1977. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 5 vols. Lisboa: Livros Horizonte.

Magalhães, J. 2016. Main Stress and Secondary Stress in Brazilian and European Por- tuguese. In: W. L. Wetzels et al. (Eds.). The Handbook of Portuguese Linguistics. Oxford: Wiley-Blackwell, 107-124.

Mateus, M. H. M et al. 2003. Gramática da Língua Portuguesa. 5ª ed. Lisboa: Caminho. Mateus, M. H. M. 1982. Aspectos da Fonologia Portuguesa. 2ª ed. Lisboa: INIC. Mateus, M. H.; D’Andrade, E. 2000. The Phonology of Portuguese. Oxford: Oxford University Press.

Matthews, P. H. 1991. Morphology. 2nd ed. Cambridge: Cambridge University Press. McCarthy, J. J.; Prince, A. S. 1995. Prosodic Morphology. In: J. A. Goldsmith (Ed.). The Handbook of Phonological Theory. Cambridge MA: Blackwell, 318-366.

Nespor, M. 1999. The phonology of clitic groups. In: H. Van Riemsdijk (Ed.). Clitics in the languages of Europe. Berlin: Mouton de Gruyter, 865-887.

Nespor, M.; Vogel, I. 2007. Prosodic phonology. With a new foreword. Berlin: Mouton de Gruyter.

Paradis, C.; LaCharité, D. 1997. Preservation and Minimality in Loanword Adaptation. Journal of Linguistics. 33(2): 379-430.

Pereira, M. I. P. 1999. O acento de palavra em português. Uma análise métrica. Dissertação de doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Scheer, T. 1998. La structure interne des consonnes. In: P. Sauzet (Ed.) Langues et Gram- maire (II-III): Phonologie. Saint Denis: Université de Paris 8, 141-172.

Selkirk, E. 1996. The prosodic structure of function words. In: J. L. Morgan. K. Demuth (Eds.). Signal to syntax: bootstrapping from speech to grammar in early acquisition. Mawhaw NJ: Lawrence Erlbaum, 187-213.

Spencer, A. 1991. Morphological theory. An introduction to word structure in generative grammar. Oxford: Blackwell.

Van Oostendorp, M. 1999. Italian s-voicing and the structure of the phonological word. In: S. J. Hannahs, M. Davenport (Eds.). Issues in phonological structure. Amsterdam: John Benjamins, 195-212.

Veloso, J. 2012a. Vogais centrais do português europeu contemporâneo: Uma proposta de análise à luz da fonologia dos elementos. Letras de Hoje. 47(3): 234-243.

Veloso, J. 2012b. Unidades acentuais proproparoxítonas e grupos clíticos em Português. In: A. Costa & I. Duarte (Eds.). Nada na linguagem lhe é estranho. Homenagem. Isabel Hub Faria. Porto: Afrontamento, 471-483.

Veloso, J. 2013a. Prosodisation des complexes « mot phonologique+clitique(s) » : groupes accentuels proproparoxytons et groupes clitiques en portugais. In: A. Tifrit (Ed.). Phonologie, morphologie, syntaxe. Mélanges offerts à Jean-Pierre Angoujard. Rennes: Presses Universitaires de Rennes, 233-244.

Veloso, J. 2013b. Redução do vocalismo átono do português europeu contemporâneo: Assimetria dos elementos de tonalidade e interação entre diversos tipos de redução vocálica. Textos Selecionados do XXVIII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Coimbra: Associação Portuguesa de Linguística, 655-672.

Veloso, J. 2016. O sistema vocálico e a redução e neutralização das vogais átonas em português europeu contemporâneo. In: Ana Maria Martins & Ernestina Carrilho (Eds.). Manual de Linguística Portuguesa. Berlin: De Gruyter, pp. 636–662.

Veloso, J. 2017. Palavra Mínima em Português Europeu: A Oralização de Abreviações. Alfa. 61(1): 133-168.

Vigário, M. 2003. The prosodic word in Portuguese. Berlin: Mouton de Gruyter.

Vigário, M. 2007. O lugar do grupo clítico e da palavra prosódica composta na hierarquia prosódica: uma nova proposta. XXII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Textos seleccionados. Lisboa: APL/Colibri, 673-688.

Vigário, M., Martins, F. & Frota, S. 2005. Frequências no Português Europeu: a ferramenta FreP. Actas do XX Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Lisboa: Associação Portuguesa de Linguística, 897-908.

Vogel, I. 1999. Subminimal constituents in prosodic phonology. In: S. J. Hannahs & M. Davenport (Eds.). Issues in phonological structure. Amsterdam: John Benjamins, 249-267.

Wetzels, W. L. 2007. Primary Stress in Brazilian Portuguese and the Quantity Parameter. Journal of Portuguese Linguistics. 5/6: 9-58.

Downloads

Publicado

2018-01-15