O Segmento Lateral /l/ em Rima Interna. Sonoridade e Nuclearização em Português Europeu.

Autores

  • Marcos Garcia Universidade de Santiago de Compostela

Resumo

A realização habitual do segmento lateral implosivo Português Europeu apresenta uma segunda articulação (vocálica) na região velar: malta – ma[ɫ]ta. Outras variedades, nomeadamente o Português do Brasil, mostram produções vocalizadas: malta - ma[w]ta. Estas realizações, presentes em muitos outros sistemas linguísticos, podem interpretar-se como uma etapa de um processo de nuclearização, com base tanto em mudanças diacrónicas como em dados fonéticos e fonológicos de diversas línguas. O presente trabalho apresenta o resultado de diversas análises fonéticas de informantes do Português Europeu standard, que mostram a forte relação entre o segmento lateral implosivo e a vogal precedente, reduzindo-se a ocupação desta até ao 33% da sequência. Estas realizações não modificam unicamente a articulação da lateral, mas também a sonoridade do próprio segmento, que aumenta à medida que adquire traços vocálicos. Com base na análise fonética, o presente trabalho propõe que a velarização de /l/ seja um estádio intermédio de um processo geral de nuclearização, que tem a sua correspondência no aumento de sonoridade dos elementos à direita do núcleo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Andrade, A. 1999. On /l/ velarization in European Portuguese. In: J. Ohala; Y. Hasegawa; M. Ohala; D. Granville; A. Bailey (eds.). Proceedings of the 14th International Congress of Phonetic Sciences, San Francisco, 543–546.

Archangeli, D. 1988. Aspects of Underspecification Theory. Phonology Yearbook. 5: 183-207.

Artstein, R. 1998. The incompatibility of underspecification and markedness in Optimality Theory. In: R. Artstein; M. Holler (eds.). RuLing Papers 1: Working Papers from Rutgers University. Rutgers University Department of Linguistics, New Brunswick, 7-13.

Bladon, R. A. W.; Al-Bamerni, A. 1976. Coarticulatory resistance in English /l/. Journal of Phonetics. 4: 137–150.

Clark, J.; Yallop, C. 1996. An Introduction to phonetics and phonology. Blackwell, Oxford & Cambridge, segunda edição.

Colman, F. 1983. ‘Vocalisation’ as nucleation. Studia Linguistica. 37: 30-48.

Freitas, Mª. J. 1998. Estatutos das consoantes que fecham sílabas no português europeu: evidência dos dados da aquisição. In: Actas do XIV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. 1, APL, Aveiro, 541-555.

Garcia, M. 2008. Português Europeu e Galego. Estudo Fonético e Fonológico das Consoantes em Rima Medial. Tese de Mestrado, Universidade de Lisboa.

Girelli, C. A. 1988. Brazilian Portuguese Syllable Structure. Tese de Doutoramento, University of Connecticut.

Hahn, L. H.; Quednau, L. R. 2007. A lateral pós-vocálica no português de Londrina: análise variacionista e estrutura silábica. Letras de Hoje. 42(3): 100-113.

Itô, J.; Mester, A. 1994. Reflections on CodaCond and Alignment. In: Phonology at Santa Cruz. 3: 27-46.

Mateus, M. H. M.; Andrade, E. d’ 2000. The Phonology of Portuguese. Oxford: Oxford University Press.

Morales-Front, A.; Holt, E. 1997. On the interplay of morphology, prosody, and faithfulness in Portuguese pluralization. In: F. Martínez-Gil; A. Morales-Front (eds.). Issues in the Phonology and Morphology of the Major Iberian Languages. Washington D. C, Georgetown University Press, 393-437.

McCarthy, J. J.; Prince, A. 1995. Faithfulness and reduplicative identity, In: J. Beckman; L. Walsh Dickey; S. Urbanczyk (eds.). Papers in Optimality Theory. 18 University of Massachusetts Occasional Papers. Graduate Linguistic Student Association, Amherst, Massachusetts, 249-384.

Praat: doing phonetics by computer: http://www.fon.hum.uva.nl/praat/

Piñeros, C.-E. 2007. The phonology of implosive nasals in five Spanish dialects: An optimality account. In: F. Martínel-Gil; S. Colina (eds.). Optimality-Theoretic Stu- dies in Spanish Phonology. Amsterdam: John Benjamins.

Prince, A.; Smolensky, P. 1993. Optimality theory: constraint interaction in generative grammar. Cambridge. MIT.

Recansens, D.; Espinosa, A. 2005. Articulatory, positional and coarticulatory characteristics for clear /l/ and dark /l/: evidence from two Catalan dialects. Journal of the International Phonetic Association. 1(35): 1-25.

Sproat, R.; Fujimura, O. 1993. Allophonic variation in English /l/ and its implications for phonetic implementation. Journal of Phonetics. 21: 291-311.

Downloads

Publicado

2017-07-19