Dos construtos teóricos para as aplicações: o professor como um dos mediadores
Resumo
Abordam-se, neste texto, aspectos relativos à linguagem sob diferentes perspectivas, por forma a evidenciar a pertinência de uma preparação suficientemente abrangente quando se equaciona quer a relação entre construtos teóricos e aplicações, quer a existência de possíveis mediadores. Um olhar rigoroso para a supramencionada relação conduzirá à avaliação do peso de cada um dos seus termos e a não sobrevalorizar ou subvalorizar indevidamente cada um deles, com base ou não em preconceitos. São convocados para ilustrar a leitura que se defende: 1) os conceitos espontâneo e científico e o seu trajecto ontogenético, partindo da definição de frase e da aquisição de estruturas da língua pela criança da pré-escola e do primeiro ciclo do ensino básico; 2) a distinção entre estudos descritivos da língua e a língua em acção; 3) as abordagens teóricas vistas como estratégias de pesquisa; 4) a influência dos avanços das neurociências no modo de olhar a linguagem. A concluir e retomando a parte final do título deste texto, destaca-se, no que à língua diz respeito uma vez que de Linguística se trata, a intervenção responsável e apoiada num conhecimento sólido dos possíveis mediadores na citada relação (professores, autores de programas e de manuais escolares e revisores). Deles se espera que detenham uma formação que lhes permita conhecer quem vai adquirir o quê e de que forma e um poder crítico que os capacite para uma ponderação rigorosa de cada um dos termos da referida relação e para uma rejeição imediata de aplicações cegas dos variados construtos teóricos.
Downloads
Referências
Bronckart, J.-P. 1977. Théories du langage. Une introduction critique. Bruxelles: Pierre Mardaga.
Boulinier, M. 1989. Le rythme et l’espace chez l’être humain. Lettre d’Information de l’Association Langage Lecture Orthographe. 7: 3-4.
Caplan, D. 1984. The mental organ for language. In: D. Caplan; A. Roch Lecours; A. Smith (Eds.). Biological perspectives on language. Cambridge, Massachussets/London, England: The MIT Press, 8-30.
Caza, P.-E. 2008. Le monde fascinant des «conceptions spontanées» (2 p.). Entrevues. Journal L’UQAM. XXXIV(8). (7 Janvier 2008). Disponível na web em http://www.uqam.ca/entrevues/2008/e2008-008.htm, acedido em 09-06-2009.
Damasio, H.; Tranel, D.; Grabowski, T.; Adolphs, R.; Damasio, A. 2004. Neural systems behind word and concept retrieval. Cognition. 92: 179-229.
Field, J. 2004. Psycholinguistics. The key concepts. London and New York: Routledge. Taylor & Francis Group.
Franchi, C. 2006. Mas o que é mesmo ”Gramática”?. In: C. Franchi; E. V. Negrão; A L. Müller. (Organização de S. Possenti). Mas o que é mesmo ”Gramática”?. São Paulo: Parábola Editorial, 11-33.
Furth, H. G. 1981. Piaget & knowledge. Theoretical foundations. Second edition. Chicago and London: The University of Chicago Press.
Geschwind, N. 1984. Neural mechanisms, aphasia, and theories of language. In: D. Caplan; A. Roch Lecours; A. Smith (Eds.). Biological perspectives on language. Cambridge, Massachussets/London, England: The MIT Press, 31-39.
Ginsburg, H.; Opper, S. 1979. Piaget’s theory of intellectual development. 2nd edition. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, Inc.
Girolami-Boulinier, A. 1984. Les niveaux actuels dans la pratique du langage oral et écrit. Paris : Masson.
Girolami-Boulinier, A. 1987. Langage : pour une pédagogie de l’immédiateté. Bulletin de la Société Alfred Binet et Théodore Simon. 610(1): 30-47.
Goldman-Eisler, F. 1968. Psycholinguistics. Experiments in spontaneous speech. London/ New York : Academic Press.
Jackson, H. J. 1878. On affections of speech from disease of the brain, reprinted in Selected writings of Hughlings Jackson (1958). Vol. II. New York: Basic Books 155-170. Referido por Goldman-Eisler (1968: 29).
Jakobson, R. 1963. Essais de linguistique générale. Paris : Editions de Minuit.
Lamendella, J. 1977a. The limbic system in human communication. In: H. Whitaker & H. A. Whitaker (Eds.). Studies in neurolinguistics. Vol 3. New York: Academic Press, 154-222.
Lamendella, J. 1977b. General principles of neurofunctional organization and their manifestation in primary and secondary language acquisition. Language Learning. 27: 155-196. Referido por Paradis (2004: 18).
Lebrun, Y. 1997. Subcortical structures and non-volitional verbal behaviour. Journal of Neurolinguistics. 10(4): 313-323.
Nelson, K. 1974. Concept, word, and sentence: Interrelations in acquisition and development. Psychological Review. 81(4): 267-285.
Palmer, F. 1971. Grammar. Harmondsworth, Middlesex: Penguin Books, Ltd.
Papandropoulou, I.; Sinclair, H. 1974. What is a word? Experimental study of children’s ideas on grammar. Human Development. 17: 241-258.
Paradis, M. 2004. A neurolinguistic theory of bilingualism. Studies in Bilingualism (SiBil), Volume 18. Amsterdam/Philadelphia: John Benjamins Publishing Company.
Paradis, M. 2007. Why single-word experiments do not address language representation. In: J. Arabski (Ed.). Challenging tasks for psycholinguistics in the new century. Katowice: University of Silesia, Oficyna Wydawnicza, 22-31.
Piaget, J. 1945. La formation du symbole chez l’enfant. Imitation, jeu et rêve, image et representation. Neuchâtel-Paris: Delachaux et Niestlé. Editeurs. Versão consultada: Sixième edition 1976.
Piaget, J. 1954. Language and thought from the genetic point of view. Acta Psychologica. 10: 88-98. Versão consultada: In: P. Adams (Ed.) 1972. Language in thinking. Harmondsworth: Penguin [reprinted, 1973], 170-179.
Pinto, M. da G. L. C. 1998. Saber viver a linguagem. Um desafio aos problemas de literacia. Colecção Porto Editora N.º 11. Porto: Porto Editora.
Sinclair, H.; Bronckart, J. P. 1972. S.V.O. A linguistic universal? A study in developmental psycholinguistics. Journal of Experimental Child Psychology. 14: 329-348.
Sinclair, H.; Ferreiro, E. 1970. Etude génétique de la compréhension, production et répétition des phrases au mode passif. Archives de Psychologie. XL(160): 1-42.
Sinclair-de-Zwart, H. 1972. A possible theory of language acquisition within the general framework of Piaget’s developmental theory. In: P. Adams (Ed.). Language in thinking. Harmondsworth: Penguin [reprinted, 1973], 364-373.
Slama-Cazacu, T. 1961. Langage et contexte. Le problème du langage dans la conception de l’expression et de l’interprétation par des organisations contextuelles. The Hague: Mouton & Co., Publishers.
Slama-Cazacu, T. 2007. Psycholinguistics, where to in the 21st century? In: J. Arabski (Ed.). Challenging tasks for psycholinguistics in the new century. Katowice: University of Silesia, Oficyna Wydawnicza, 77-85.
Veloso (2010). Guião da aula A palavra enquanto unidade linguística: Critérios linguísticos para a sua definição e delimitação e para uma avaliação da sua pertinência descritiva. Provas públicas para a obtenção do título de Agregado em Linguística. Porto: FLUP, 6 de Julho de 2010. 29p.
Vygotsky, L. S. 1962. Thought and language. Cambridge, Massachusetts: The M. I. T. Press.
Wood, D.; Bruner, J. S.; Ross, G. 1976. The role of tutoring in problem solving. Child Psychol. Psychiat. 17: 89-100.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2017 Linguística Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.