Ênclise e próclise na coordenação
Resumo
Em Português europeu, o padrão neutro de colocação de clíticos em frases finitas é a ênclise, ocorrendo a próclise sob escopo local de itens específicos, nomeadamente CPs realizados ou itens com conteúdo negativo, quantificacional ou de foco. Neste estudo, proporemos uma análise da próclise em estruturas de coordenação oracional, um tópico que apenas recentemente recebeu alguma atenção (Martins 2013, Matos & Colaço 2013). Proporemos que a próclise na coordenação pode ser induzida ou pelos traços de algumas conjunções simples ou correlativas, ou pelo valor discursivo de algumas estruturas de coordenação correlativa. A próclise na coordenação pode também ocorrer com uma conjunção coordenativa não proclisadora, se esta estiver sob o escopo de um proclisador. Este facto sugere a existência de contextos de próclise a longa distância em Português europeu. No entanto, mostraremos que esses casos podem integrar-se no fenómeno de próclise local, tendo em conta as propriedades de Conj enquanto categoria subespecificada que, por Agree, partilha a natureza categorial do seu especificador. A opcionalidade da próclise em contextos de longa distância pode também ser explicada. Na verdade, esta opcionalidade é apenas aparente, sendo um efeito do nível oracional envolvido na coordenação.
Downloads
Referências
Bjorkman, B. 2012. Accounting for the Absence of Coreferential Subjects in TP Coordi- nation. Handout apresentado no GLOW 36, Suécia.
Burton, S. & J. Grimshaw 1992. Coordination and VP-internal subject. Linguistic Inquiry, 23: 305-313.
Colaço, M. 1998. Concordância parcial em estruturas coordenadas em Português europeu. In: A. C. Lopes & C. Martins (Eds.). Actas do XIV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Braga: Associação Portuguesa de Linguística, vol. I, 349-368.
Colaço, M. 2005. Configurações de Coordenação Aditiva: Tipologia, Concordância e Extracção, Dissertação de Doutoramento, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Colaço, M. 2006. Omissão de material idêntico em estruturas coordenadas. In: M. Lobo, & M. A. Coutinho (Eds). XXII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística – Textos Seleccionados. Lisboa: Associação Portuguesa de Linguística, 261-272.
Chomsky, N. 1995.The Minimalist Program. Cambridge, Massachusetts: The MIT Press. Cunha, C. & Cintra, L. F. 1984. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Sá da Costa.
Duarte, I. 1983. Variação paramétrica e ordem dos clíticos. Revista da Faculdade de Letras. Lisboa: FLUL, 158-178.
Duarte, I.& Matos, G. 1995. A colocação dos clíticos em Português Europeu e a hipótese minimalista. In: Actas do X Encontro da Associação Portuguesa de Linguística, 1994, Lisboa: APL, 177-193.
Duarte, I. & Matos, G. 2000. Romance Clitics and the Minimalist Program. In: J. Costa, (Ed.) Portuguese Syntax–New Comparative Studies. Oxford: Oxford University Press, 116-142.
Duarte, I., Matos, G. & Gonçalves, A. 2005. Pronominal clitics in European and Brazilian Portuguese. Journal of Portuguese Linguistics, 4(2). Lisboa: Edições Colibri, AEJPL, 113-141.
Han, S. 2008. Ellipsis, Right Node Raising and Across-the-Board Movement. PhD dissertation. Boston University.
Heycock, C. & R. Zamparelli (2000). Friends and Colleagues: Plurality and NP-Coordination. Proceedings of the North East Linguistic Society 30.
Johannessen, J. 1998. Coordination. Oxford: Oxford University Press.
Kayne, R. 1994. Asymmetric Syntax. Cambridge, Massachusetts: The MIT Press.
Lobo, M. 2002. Para uma Sintaxe das Orações Causais do Português. Actas do XVI Encontro Nacional da APL, 2001. Lisboa: APL.
Lobo, M. 2003. Aspectos da Sintaxe das Orações Subordinadas Adverbiais do Português, Dissertação de Doutoramento, Universidade Nova de Lisboa.
Martins, A. M. 2013. Posição dos pronomes pessoais clíticos. In: E. Raposo, M. F. Nasci- mento, M. A. Mota, L. Segura & A. Mendes (Eds.) Gramática do Português. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Matos, G. 1995. Estruturas binárias e monocênctricas em sintaxe–algumas observações sobre a coordenação de projecções máximas. Actas do X Encontro Nacional da APL. Lisboa: APL, Colibri, 177-193.
Matos, G. 1997. Configurações Sintácticas em Estruturas de Colocação Simultânea de Clítico. In: A. M. Brito, F. Oliveira, I. Pires de Lima & R. M. Martelo (Eds.) Sentido que a Vida Faz — Homenagem a Óscar Lopes. Porto: Campo das Letras Editores SA, 705-717.
Matos, G. 2000. ATB Clitic Placement in Romance Languages. Probus 12:2,Berlin, New York: Mouton de Gruyter, 229-259.
Matos, G. 2003. Estruturas de coordenação. In: M. H. Mateus, A. M. Brito, I. Duarte, I. Faria, S. Frota, G. Matos, F. Oliveira, M. Vigário & A. Villalva, Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, 229-259.
Matos, G. 2004. Coordenação Frásica vs. subordinação adverbial. In: T. Freitas & A. Mendes (Eds.) Actas do XIX Encontro Nacional da APL, 2003. Lisboa: APL, 555-299.
Matos, G. 2006. Coordination de phrases vs. subordination adverbiale: propositions causales en portugais. Faits de Langue – Revue de Linguistique, 28. Paris: Ophrys, 169-180.
Matos, G. & Colaço, M. 2013. Padrões de colocação de clíticos em coordenação frásica. Comunicação apresentada ao XXIX Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística. Coimbra, 23-25 de Outubro.
Matos, G. & Raposo, E. P. 2013. Estruturas de coordenação. In: E. P. Raposo, M. F. Nas- cimento, M. A. Mota, L. Segura & A. Mendes (Eds.) Gramática do Português, vol. II, cap. 35. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1761-1817.
McNally, L. 1992. VP-Coordination and the VP-Internal Subject Hypothesis. Linguistic Inquiry, 23: 336-341.
Montalbetti, M. 1984. After Binding. PhD Dissertation. MIT.
Montalbetti, M. 1986. How pro is it? In: O. Jaeggli & C. Silva-Corvalán (Eds.) Studies in Romance Linguistics. Dordrecht/Riverton: Foris Publications, 137-152.
Nunes, J. 2004. Linearizationof Chains and Sideward Movement. Cambridge, Massachusetts: The MIT Press.
Sánchez López, C. 1995. On the distributive readings of coordinate phrases. Probus 7: 181-196.
Sánchez López, C. 1999. Los cuantificadores. In: Bosque, I. & V. Demonte (Eds.) Gramática Descriptiva de la Lengua Española. Madrid: Espasa.
Schlonsky, U. 2004. Enclisis and Proclisis. In: L. Rizzi (Ed.) The Structure of CP and IP. The Cartography of Syntactic Structures, vol. 2, Oxford: Oxford University Press, 329-353.
Terzi, A.1999. Clitic combinations, their hosts and their ordering. Natural Language and Linguistic Theory, 17(1), 85-121.
Uriagereka, J. 1995. Aspects of the Syntax of Clitic Placement in Western Romance. Linguistic Inquiry, 26(1): 79-123.
Zhang, N. 2004. Against Across-the-Board Movement. Concentric: Studies in Linguistics, 30(2): 151-85.
Zhang, N. 2009. The syntax of same and ATB constructions. Canadian Journal of Linguistics/Revue Canadienne de Linguistique 54(2): 367–399.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2017 Linguística Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.