«Os possessivos estão-me a complicar o ensino» : um estudo do dativo possessivo em português baseado em corpos

Autores

  • Diana Santos Universidade de Oslo

Resumo

O campo da posse pode ser gramaticalmente expresso de três maneiras em português: pronomes ou determinantes possessivos, o artigo definido, e o dativo possessivo. Com este artigo pretendo, em primeiro lugar, descrever uma característica interessante da língua portuguesa e que raramente é descrita em gramáticas ou manuais de ensino de português, nomeadamente o uso de clíticos na descrição da posse, ou, dito de uma forma mais técnica, a possibilidade de parafrasear alguns pronomes pessoais de objeto indireto (o dativo de posse) em português por determinantes possessivos. Em segundo lugar, apresento um estudo contrastivo inicial sobre este assunto, baseado em corpos paralelos, que indica o âmbito do fenómeno, com as línguas inglesa e norueguesa como pontos de comparação, mas usando também corpos monolingues como contraponto. E, por último, documento a vantagem de partilhar os resultados das análises detalhadas, através da Gramateca. A questão de se este é um assunto específico de uma variante do português ou não também é brevemente aflorada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Barros, Isis Juliana Figueiredo de. 2011. Preposições de DP dativos de dois ex-escravos brasileiros em atas do século XIX. Inventário–Revista dos Estudantes de Pós- Graduação em Letras da Universidade Federal da Bahia, v. 9, 1-15.

Bechara, Evanildo. 1999/1971. Moderna gramática portuguesa. Rio: Editora Lucerna. Brito, Ana Maria. 2009. Construções de objecto indirecto preposicionais e não preposicionais: uma abordagem generativo-construtivista. In: Alexandra Fiéis & Maria Antónia Coutinho (Eds.), Textos Seleccionados do XXIV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, Lisboa: APL, 141-159.

Brito, Ana Maria. 2015. Two base generated structures for ditransitives in European Portuguese. In: Alberto Simões, Anabela Barreiro, Diana Santos, Rui Sousa-Silva & Stella E. O. Tagnin (Eds.) Linguística, Informática e Tradução: Mundos que se Cruzam. Homenagem a Belinda Maia, OSLa, Vol 7, No 1 (2015), 337-357.

Cunha, Celso & Lindley Cintra, L. 1987. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa: Edições João Sá da Costa.

Cruse, Alan. 2004. Meaning in Language: An Introduction to Semantics and Pragmatics. Oxford: Oxford University Press.

Frankenberg-Garcia, Ana & Santos, Diana. 2002. COMPARA, um corpus paralelo de português e de inglês na Web. Cadernos de Tradução IX, 1 , 61-79.

Freitas, Cláudia, Santos, Diana, Oliveira, Hugo Gonçalo & Quental, Violeta. 2015. VARRA: Validação, Avaliação e Revisão de Relações semânticas no AC/DC. In: Ana Maria T. Ibaños, Lívia Pretto Mottin, Simone Sarmento & Tony Berber Sardinha (Eds.), Pesquisas e Perspectivas em Linguística de Corpus. Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, 199-232.

Gellerstam, Martin. 1986. Translationese in Swedish novels translated from English. In: Lars Wollin & Hans Lindquist (Eds.), Translation studies in Scandinavia. Lund: CWK Gleerup, 88-95.

Givón, Talmy (Ed.). 1983. Topic Continuity in Discourse: Quantitative Cross-Language Studies. Amstredam: John Benjamins.

Haspelmath, Martin. 1999. External Possession in an European Areal Perspective. In: Doris L. Payne & Immanuel Barshi (Eds.). External possession. John Benjamins, 109-135.

Hutchinson, Amélia P. & Janet Lloyd. 2003. Portuguese: An Essential Grammar, Routledge. Hundertmark-Santos Martins. 1982. Portugiesische Grammatik, Niemeyer.

Kleiber, Georges. 2008. The semantics and pragmatics of the possessive determiner. In: H. H. Müller & A. Klinge (Eds.), Essays on Nominal Determination. Amsterdam- Philadelphia: John Benjamins Company, 309-336.

König, Ekkehard & Haspelmath, Martin. 1998. Les constructions à possesseur externe dans les langues d’Europe. In: Jack Feuillet (Ed.), Actance et Valence dans les Langues de l’Europe. Berlin & N. Y: Mouton de Gruyter, pp. 525-606.

Miguel, Matilde, Gonçalves, Anabela & Duarte, Inês. 2011. Dativos não argumentais em português. In: Textos Seleccionados, XXVI Encontro da Associação Portuguesa de Linguística. Lisboa: APL, 388-400.

Nilsson, Kåre. 1998. Akkusativ og dativ med (refleksiv) infinitiv i spansk og portugisisk. Romansk Forum 8, desember 1998, 57-77.

Payne, Doris L. & Barshi, Immanuel. 1999. External Possession: What, Where, How and Why. In: Payne, Doris L. & Immanuel Barshi (Eds.), External possession. John Benjamins, 3-29.

Santos, Diana. 1998a. A relevância da vagueza para a tradução, ilustrada com exemplos de inglês para português. TradTerm 5, 1, Revista do centro interdepartamental de tradução e terminologia, FFLCH - Universidade de São Paulo, 41-70.

Santos, Diana. 1998b. O tradutês na literatura infantil traduzida em Portugal. In: Actas do XIII Encontro da Associação Portuguesa de Linguística. APL, 259-74.

Santos, Diana. 1998c. Perception verbs in English and Portuguese. In: Stig Johansson & Signe Oksefjell (Eds.), Corpora and Cross-linguistic Research: Theory, Method, and Case Studies. Amsterdam: Rodopi, 319-342.

Santos, Diana. 2006. What is natural language? Differences compared to artificial languages, and consequences for natural language processing. PROPOR 2006, http:// www.linguateca.pt/Diana/download/SantosPalestraSBLPPropor2006.pdf

Santos, Diana. 2011. Linguateca’s infrastructure for Portuguese and how it allows the detailed study of language varieties. In: J. B. Johannessen (Ed.), Language variation infrastructure. OSLa: Oslo Studies in Language 3, 2, 113-128.

Santos, Diana. 2014a. PoNTE: apontando para corpos de aprendizes de tradução avançados. Linguamática 6, 1, 2014, 69-86.

Santos, Diana. 2014b. Ser, estar, ficar, haver e ter contra ha, bli e være: quem disse que era fácil traduzir sentimentos e sensações?. In: Signe O. Ebeling, Atle Grønn, Kjetil Rå Hauge & Diana Santos (Eds.), Corpus-based Studies in Contrastive Linguistics, Oslo Studies in Language 6, 1, 2014, 271-288.

Simões, Alberto & Santos, Diana. 2011. Ensinador: corpus-based Portuguese grammar exercises. Procesamiento del Lenguaje Natural 47 (2011), 301-309.

Simões, Alberto & Santos, Diana. 2014. Nos bastidores da Gramateca: uma série de serviços. Workshop on Tools and Resources for Automatically Processing Portuguese and Spanish, at PROPOR 2014, São Carlos, Brazil, 9 de outubro de 2014, 97-104.

Sinclair, John. 1997. Corpus Evidence in Language Description. In: Anne Wichmann, Steven Fligelstone, Tony McEnery & Gerry Knowles (eds.), Teaching and language corpora. London & New York: Longman, 27-39.

Sletsjøe, Leif. 1669. Lærebok i portugisisk. Oslo: Universitets forlaget.

Slobin, Dan I. 2008. Paths of motion & vision. In: V. M. Gathercole (Ed.), Routes to Language: Studies in Honor of Melissa Bowerman. Lawrence Erlbaum, 197-221.

Soares da Silva, Augusto. 2000. A estrutura semântica do objeto indireto em português. In: Rui Vieira de Castro & Pilar Barbosa (Eds.), Actas do XV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, Braga, pp. 433-451, republicado como capítulo 9: Polissemia na Sintaxe: o objecto indirecto e a construção ditransitiva. In: Soares da Silva, Augusto. O Mundo dos Sentidos em Português: Polissemia, Semântica e Cognição, Coimbra: Almedina, 2006, 245-264.

Teixeira, Elisa D., Santos, Diana & E. O. Tagnin, Stella. 2012. CorTrad: um novo corpus paralelo multiversão para o par de línguas português-inglês. In: Tania M.G. Shepherd, Tony Berber Sardinha & Marcia Veirano Pinto (Eds.), Caminhos na Linguística de Corpus. Campinas, SP: Mercado de Letras, 151-176.

Torres Morais, Maria Aparecida. 2006. Argumentos dativos: um cenário para o núcleo aplicativo no português europeu. Revista da ABRALIN, vol. V, 239-266.

Torres-Morais, Maria Aparecida C. R. 2007. O dativo de posse no português. In: Gladis Massini-Cagliari, Rosane de Andrade Berlinck, Marymarcia Guedes & Taísa Peres de Oliveira (Eds.), Trilhas de Mattoso Câmara e outras trilhas: Fonologia, Morfologia, Sintaxe. Cultura Acadêmica Editora, 211-235.

Velásquez-Castillo, Maura. 1999. Body-Part EP Constructions: A Cognitive/Functional Analysis. In: Doris L. Payne & Immanuel Barshi (Eds.). External possession. John Benjamins, 77-107.

Vilela, Mário. 1992. Gramática de valências: teoria e aplicação. Coimbra: Almedina.

Vinay, J.-P. & Darbelnet, J. 1977/1958. Stylistique Comparée du Français et de l’Anglais: Méthode de traduction. Paris: Didier, Nouvelle édition révue et corrigée.

Wierzbicka, Anna. 1999. Emotions across Languages and Cultures: Diversity and Universals. Cambridge: Cambridge University Press.

Downloads

Publicado

2017-07-10