O Modelo Biphon e a fonologização de traços e segmentos na aquisição da linguagem

Autores

  • Carmen Lúcia Barreto Matzenauer Universidade Católica de Pelotas

Resumo

O foco do artigo é a aquisição fonológica e o Modelo Bidirecional de Fonologia e Fonética – BiPhon (Boersma, 2007, 2008, 2011; Boersma & Hamann, 2009). Sendo modelo de processamento de L1 e de gramática que prevê a interação entre três níveis representacionais: [Forma Fonética], /Forma Fonológica de Superfície/ e |Forma Subjacente|, é capaz de oferecer visão particular do processo de fonologização de traços e de segmentos. Discute-se a fonologização especificamente de vogais do sistema do português por crianças brasileiras, ou seja, a integração à gramática dos segmentos vocálicos, a partir da percepção de pistas acústicas, as quais, constituindo categorias fonéticas, se tornam o substrato da formação de categorias fonológicas; essas categorias são incorporadas à gramática na qualidade de traços, que, de forma coocorrente, compõem a estrutura interna dos segmentos da língua. O processo de fonologização é formalizado com base no BiPhon. A abordagem articula os níveis fonético e fonológico na visão da aquisição da linguagem, além de captar a gradação que, nesse processo, caracteriza a constituição do inventário de vogais que integra a fonologia do português.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Amorim, C. 2015. Padrão de Aquisição de Contrastes do PE: a Interação entre Traços, Segmentos e Sílabas. Tese de Doutoramento. Porto: Universidade do Porto.

Azevedo, R. Q. 2014. Formalização fonético-fonológica da interação de restrições na produção e na percepção da epêntese em variedades do português. Texto da Qualificação da Tese de Doutoramento. Pelotas: Universidade Católica de Pelotas.

Azevedo, R. Q. et al. 2014. A aquisição das vogais do português brasileiro: estudo de caso. In Salão Universitário. Pelotas: Universidade Católica de Pelotas.

Boersma, P. 2006. Prototypicality judgments as inverted perception. In: Gisbert Fanselow, Caroline Féry, Matthias Schlesewsky and Ralf Vogel (Eds.) Gradience in grammar. Oxford: Oxford University Press.

Boersma, P. 2007. Cue constraints and their interactions in phonological perception and production. Rutgers Optimality Archive 944.

Boersma, P. 2008. Emergent ranking of faithfulness explains markedness and licensing by cue. Rutgers Optimality Archive 954.

Boersma, P. 2011. A programme for bidirectional phonology and phonetics and their acquisition and evolution. In: Anton Benz & Jason Mattausch (Eds.) Bidirectional Optimality Theory, 33-72. Amsterdam: John Benjamins.

Boersma, P. & Hayes, B. 2001. Empirical Tests of the Gradual Learning Algorithm. Linguistic Inquiry, 32, 45-86.

Boersma, P. & Escudero, P. 2003. Modelling the perceptual development of phonological contrasts with Optimality Theory and the Gradual Learning Algorithm. In: Sudha Arunachalam, Elsi Kaiser & Alexander Williams (Eds.) Proceedings of the 25th Annual Penn Linguistics Colloquium. (Penn Working Papers in Linguistics 8.1).

Boersma, P., Escudero, P. & Hayes, R. 2003. Learning Abstract Phonological from Auditory Phonetic Categories: An Integrated Model for the Acquisition of Language- Specific Sound Categories. Rutgers Optimality Archive 585.

Boersma, P. & Hamann, S. 2009. Loanword adaptation as first-language phonological Perception In: Andrea Calabrese & W. Leo Wetzels (Eds.), Loanword phonology. Amsterdam: John Benjamins.

Boersma, P. & Chládková, K. 2011. Asymmetries between speech perception and production reveal phonological structure. In: ICPhS XVII - Proceedings. Hong Kong.

Calabrese, A. 1995. A constraint-based theory of phonological markedness and simplification procedures. Linguistic Inquiry, 26 (3), 373-463.

Calabrese, A. 2005. Markedness and economy in a derivational model of phonology. New York: Mouton de Gruyter.

Clements, G. N. 2001. Representational economy in constraint-based phonology. In: A. Hall (Ed.) Distinctive Feature Theory. Berlin: Mouton de Gruyter.

Clements, G. N. 2005. The Role of Features in Phonological Inventories. Symposium on Phonological Theory: Representations and Architecture. New York: CUNY.

Clements, G. N. 2009. The role of features in phonological inventories. In: Eric Raimy & Charles E. Cairns (Eds.) Contemporary views on architecture and representations in phonology. Cambridge: MIT Press.

Guy, G. 2009. As Vogais: Perspectivas Analíticas e Teóricas. In: II Simpósio sobre Vogais - conferência. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais.

Kenstowicz, M. 1994. Phonology in Generative Grammar. Cambridge: Blackwell.

Ladefoged, P. & Maddieson, I. 1999. The Sounds of the World’s Language. Oxford: Blackwell.

Lamprecht, R. R. et al. 2004. Aquisição fonológica do Português: perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: ARTMED.

Lazzarotto-Volcão, C. 2009. Modelo Padrão de Aquisição de Contrastes: uma proposta de avaliação e classificação dos desvios fonológicos. Tese de Doutorado. Pelotas: Universidade Católica de Pelotas.

Lee, Seung-Hwa. 2003. Mid Vowel Alternations in Verbal Stems in Brazilian Portuguese. Journal of Portuguese Linguistics, Lisboa, 2 (2), 87-100.

Maddieson, I. 1984. Patterns of Sounds. Cambridge: Cambridge University Press.

Matzenauer, C. L. B. 2008. A generalização em desvios fonológicos: o caminho pela recorrência de traços. Letras de Hoje, 43, 27-34.

Matzenauer, C. L. B. 2012. Aquisição das vogais do “PB” e tipologias de línguas. In: Seung Hwa Lee. (Org.). Vogais além de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais.

Matzenauer, C. L. B. & Miranda, A. R. M. 2007. Traços distintivos e a aquisição das vogais do português do Brasil. In: I Simpósio sobre Vogais. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba.

Matzenauer, C. L. B. & Miranda, A. R. M. 2008. Aquisição de fonemas e alofones: bottom- up ou top-down?. Veredas, v. Psicolinguística. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora. 112-124.

Matzenauer, C. L. B. & Miranda, A. R. M. 2009. Traços distintivos e a aquisição das vogais do PB. In: Dermeval da Hora. (Eds.). Vogais no Ponto mais Oriental das Américas. João Pessoa: Ideia, 45-63.

Mccarthy, J. & Prince, A. 1995. Faithfulness and reduplicative identity. Rutgers Optimality Archive 60.

Rangel, G. de A. 2002. Aquisição do sistema vocálico no português brasileiro. Tese de Doutorado. Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Santos, G. R. dos. 2014. Percepção e produção das vogais médias do espanhol por falantes do português brasileiro.Tese de Doutorado. Pelotas: Universidade Católica de Pelotas.

Tornquist, G., Schüller, J. N., Pereira, M. P. & Pereira, C. 2009. A emergência gradual de segmentos vocálicos na aquisição fonológica. In: Congresso de Iniciação Científica. Pelotas: Universidade Católica de Pelotas.

Van Der Hulst, H. & Van Der Weijer, J. 1995. Vowel Harmony. In: Goldsmith, J. (ed.). The Handbook of Phonological Theory. Massachussets: Blackwell.

Wanrooij, K., Boersma, P. & Van Zuijen, T. L. 2014. Fast phonetic learning occurs already in 2-to-3-month old infants: an ERP study. Frontiers in Psychology.

Downloads

Publicado

2017-07-10