A vista da ponte das pessoas que vão em fila a caminho do céu: um relance sobre a composicionalidade das palavras complexas do chinês e do português

Autores

  • João Veloso Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Centro de Linguística da Universidade do Porto

Resumo

A composicionalidade, enquanto princípio semântico que se aplica a unidades complexas possibilitando a computação do seu significado global a partir dos significados dos seus constituintes, costuma ser aceite, pelo menos nos estudos sobre línguas indo-europeias, como uma propriedade das frases. No caso das palavras complexas, o papel da composicionalidade é admitido de forma muito limitada. Em línguas como o chinês, porém, em que a maior parte das palavras simples são monossilábicas, gerando uma elevada taxa de densidade homofónica, a construção de palavras complexas a partir de palavras monossilábicas de acordo com procedimentos de natureza composicional corresponde a um recurso muito frequente e muito sistemático. Neste trabalho, a par da necessidade de avaliar princípios como a composicionalidade de forma diferente consoante a língua em que a observamos, defenderemos que as palavras complexas do chinês – ao contrário do que sucede nas línguas indo-europeias – têm uma natureza composicional muito evidente, tal como demonstrado em inúmeros estudos anteriores.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Arcodia, G. F. (2007). Chinese: A Language of Compound Words? In F. Montermini, G. Boyé, & N. Hathout (Eds.), Selected Proceedings of the 5th Décembrettes: Morphology in Toulouse (pp. 79-90). Cascadilla Proceedings.

Bochner, H. (1993). Simplicity in Generative Morphology. De Gruyter.

Coulmas, F. (2003). Writing Systems. An introduction to their linguistic analysis.Cambridge University Press.

Daniels, P. (2010). Writing in the World and Linguistics. Papers of the Berkeley Linguistics Society 36, 61-90.

Duanmu, S. (2005). Chinese (Mandarin), Phonology of. In K. Brown, (Eds.), Encyclopedia of Language and Linguistics (2ª ed.). Elsevier.

Duanmu, S. (2007). The Phonology of Standard Chinese (2ª ed.). Oxford University Press.

Hale, K. L., & Keyser, S. J. (Eds.). (1993). The View From Building 20: Essays in Linguistics in Honor of Sylvain Bromberger. The MIT Press.

Haspelmath, M. (2004). Does linguistic explanation presuppose linguistic description? Studies in Language, 28(3), 554-579.

Haspelmath, M. (2007).Pre-established categories don’t exist: Consequences for language description and typology. Linguistic Typology, 11(1), 119-132.

Haspelmath, M. (2011). The indeterminacy of word segmentation and the nature of morphology and syntax. Folia Linguistica, 45(1), 31-80.

Haspelmath, M. (2018). How comparative concepts and descriptive linguistic categories are different. In D. Van Olmen, T. Mortelmans, & F. Brisard (Eds.), Aspects of linguistic variation (pp. 83-114). De Gruyter Mouton.

Lappin, S. (2001). An Introduction to Formal Semantics. In M. Aronoff, & J. Rees-Miller (Eds.), The Handbook of Linguistics (pp. 369-393). Blackwell.

Lazaridou, A., Marelli, M., Zamparelli, R., & Baroni, M. (2013). Compositionally Derived Representations of Morphologically Complex Words in Distributional Semantics. In H. Schuetze, P. Fung, & M. Poesio (Eds.), Proceedings of the 51st Annual Meeting of the Association for Computational Linguistics (pp. 1517-1526). Association for Computational Linguistics.

Li, W., Gaffney, J. S., & Packard, J. L. (Eds.). (2002). Chinese Children’s Reading Acquisition. Theoretical and Pedagogical Issues. Kluwer.

Lieber, R. (2016). Introducing Morphology (2ª ed.). Cambridge University Press.

Liu, F., Lu, H., Lo, C., & Neubig, G. (2017). Learning Character-level Compositionality with Visual Features. In R. Barzilay, & M.-Y. Kan (Eds.), Proceedings of the 55th Annual Meeting of the Association for Computational Linguistics (pp. 2059-2068). Association for Computational Linguistics.

Mai, R., Morais, C., & Pereira, U. (2019). Gramática de Língua Chinesa para Falantes de Português. Instituto Confúcio, Universidade de Aveiro.

Miller, K. F. (2002). Children’s Early Understanding of Writing and Language: The Impact of Characters and Alphabetic Orthographies. In: W. Li, J. S. Gaffney, & J. Packard (Eds), Chinese Children’s Reading Acquisition. Theoretical and Pedagogical Issues (pp. 17-29). Kluwer.

Nagy, W. E., Kuo-Kealoha, A., Xinchun, W., Wenling, L., Anderson, R. C., & Xi, C. (2002). The Role of Morphological Awareness in Learning to Read Chinese. In: W. Li, J. S. Gaffney, & J. Packard (Eds), Chinese Children’s Reading Acquisition. Theoretical and Pedagogical Issues (pp. 59-86). Kluwer.

Oliveira, F. (2009). Alguns Caminhos da Semântica. In M. A. D. C. Coutinho, & A. Fiéis (Orgs.), Textos Seleccionados. XXIV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística (pp. 23-41). Associação Portuguesa de Linguística.

Spencer, A. (1991). Morphological Theory. An Introduction to Word Structure in Generative Grammar. Blackwell.

Su, X., & Kim, Y.-S. (2014). Semantic radical knowledge and word recognition in Chinese for Chinese as foreign language learners. Reading in a Foreign Language, 26(1), 131-152.

Veloso, J. (2005). A língua na escrita e a escrita da língua. Algumas considerações gerais sobre transparência e opacidade fonémicas na escrita do português e outras questões. Da Investigação às Práticas. Estudos de Natureza Educacional, VI(1), 49-69.

Veloso, J. (2007). Da Influência do Conhecimento Ortográfico sobre o Conhecimento Fonológico. Estudo Longitudinal de um Grupo de Crianças Falantes Nativas do Português Europeu. Lincom Europa.

Veloso, J. (2010). Primeiras produções escritas e operações metafonológicas explícitas como pistas para a caracterização inferencial do conhecimento fonológico. Cadernos de Educação, (35), 19-50.

Veloso, J. (2016). Verba Manent. A palavra como unidade pertinente para a descrição linguística do português e de outras línguas flexionais (Vol. 2, pp. 160). EDIPUCRS.

Veloso, J. (2019). Phonology and Writing: Can we look at written productions to “see the unseeable” in phonology? Loquens, 6(1), 1-12.

Veloso, J. (2020a, outubro 28-30). Consoantes e Vogais? Primitivamente Iguais? [Conferência plenária]. XXXVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística.

Veloso, J. (2020b). Conhecimento ortográfico e representações fonológicas em português. In S. N. Salomão (Coord.), Temas da Língua Portuguesa: do Pluricentrismo à Didática (pp. 91-103). Nuova Cultura.

Veloso, J. (2022, no prelo). Fonologia e Ortografia do Português Europeu. EDULOG 2022.

Villalva, A. (2008). Morfologia do Português. Universidade Aberta.Villalva, A. (2020). Composição. In E. B. P. Raposo, M. F. B. do Nascimento, M. A. C. da Mota, L. Segura, & A. Mendes (Orgs.), Gramática do Português (Vol. 3, pp. 3151,3210). Fundação Calouste Gulbenkian.

Yang, W., Dai, W., & Gao, L. (2012). A Study on Chinese Continuous Four-character Collocations and Their Translation into English Strategies. Theory and Practice in Language Studies, 2(5), 995-1002.

Zhan, W., Wang, J., Chen, L., & Huang, H. (2020). Form and Meaning Representation of Chinese Constructions. Fundamental Issues on Constructicography. Sinica Venetiana, 6, 305-338.

Zhu, F., & Fellbaum, C. (2015). Quantifying Fixedness and Compositionality in Chinese Idioms. International Journal of Lexicography, 28(3), 338–350.

Downloads

Publicado

2022-11-23