Autorreferência generalizadora com a pessoa, uma pessoa e outros nomes humanos referencialmente vagos
Resumo
Este artigo analisa dados extraídos do Corpus Dialetal para o Estudo da Sintaxe (CORDIAL-SIN) e do Corpus África para mostrar que as expressões arbitrárias/indefinidas uma pessoa e a pessoa expressam genericidade ancorada na primeira pessoa, ou seja, aquilo que Moltmann (2010) designa por ‘autorreferência projetada generalizadora’ (generalizing detached self-reference). Identificam-se depois, com recurso a dados intuitivos, diferenças de adequação contextual entre uma pessoa e a pessoa e sugere-se que são consequência da maior flexibilidade interpretativa de a pessoa (que pode ter leitura inclusiva ou exclusiva) face a uma pessoa(que tem sempre leitura inclusiva). Por fim, observa-se a distribuição geográfica no território português de uma pessoa e a pessoa comparativamente a outras expressões com nomes humanos referencialmente vagos que parecem exprimir também autorreferência projetada generalizadora (i.e., homem, fulano, fulana, gajo, tipo, indivíduo, mulher).
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