O tempo e a memória n’A Ignorância, de Milan Kundera

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21747/21833958/red14a8

Palavras-chave:

Deixis, Tempo, Memória, Tempos verbais

Resumo

Este estudo tem como objetivo principal contribuir para uma análise do tempo na obra A Ignorância de Milan Kundera, tendo como base a conceção de romance como configurador do tempo, de acordo com as perspetivas teóricas de Benveniste (1978), Oliveira e Lopes (1995) e Fonseca (1992; 1996). Assim, foram analisados os elementos deíticos a fim de se evidenciar a sua contribuição para a criação de um mundo alternativo, cuja raiz se encontra na ficcionalidade do próprio ato de referência, através da transposição das coordenadas enunciativas de um “aqui/ agora” para um “lá/ então”. Com efeito, surge-nos narrada a forma como as personagens principais experienciam os acontecimentos com base num repositório de saberes e experiências – a memória. As personagens vão presentificando os momentos passados, tornando-os presentes. Contudo, como cada uma recorda apenas parcelas do vivido, a “memória comum” que levam para um ato de interação apresenta diferenças, provocando relevantes desencontros comunicativos.

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Biografia Autor

Cláudia Alexandra Moreira da Silva, Sapienza Universidade de Roma

Doutora em Linguística pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (2012).
Professora na Sapienza Universidade de Roma - Cátedra Vieira (Itália).

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Publicado

28-07-2024

Como Citar

Silva, C. A. M. da. (2024). O tempo e a memória n’A Ignorância, de Milan Kundera. Redis: Revista De Estudos Do Discurso, (14), 192–215. https://doi.org/10.21747/21833958/red14a8