O lado antrópico dos desastres. Uma perspectiva filosófica a partir do Japão
Abstract
O que é um desastre? Este artigo explora os diferentes níveis hermenêuticos que devem ser tidos em consideração ao se abordar esta questão através do caso do Japão. Em vez de uma visão dos desastres como eventos espácio-temporais, abordam-se os desastres a partir da perspectiva do milieu. Primeiro, com base nos “dicionários de desastres” japoneses, descreve-se o respectivo vocabulário japonês. Em segundo lugar, o artigo faz uma breve revisão da tradição interdisciplinar japonesa de gestão dos desastres. Para salientar o aspecto humano dos desastres, é introduzida a ideia de fūdo 風土. Este conceito permite-nos ver os desastres como um fenómeno do milieu, que emerge das relações co-constitutivas entre indivíduos, comunidades, e o ambiente local. A última parte discute as narrativas de alguns actores políticos nacionais e internacionais que ligam a «identidade e cultura japonesas» à gestão das catástrofes e por vezes incluem reivindicações nacionalistas inculcadas na essencialização da «excepção japonesa». Dada a importância fundamental das representações socioculturais e políticas das catástrofes ligadas às política de identidade e a crescente frequência e intensidade das catástrofes, uma perspectiva a longo prazo, centrada na população local e culturalmente sensível às catástrofes poderia ser melhor adaptada à era da mudança climática.
Palavras-chave: catástrofe, filosofia japonesa, resiliência, Japão, fūdo 風土, essencialismo.
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Copyright (c) 2023 Romaric Jannel, Laÿna Droz, Takahiro Fuke

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