Nas margens da escrita académica
Resumo
Com o estudo de dois casos de escrita académica, a resposta de desenvolvimento de uma prova de acesso para alunos de cursos profissionais e artísticos e a resposta extensa escrita a um teste de diagnóstico no contexto de uma Oficina de Português para Fins Académicos, pretendeu-se caracterizar o perfil de desempenho de escrita de estudantes que ingressam no ensino superior por vias diferentes do Concurso Nacional de Acesso. Considerando a Resposta de Desenvolvimento o género agregador, foram analisados textos da ordem do argumentar e do explicar/expor. A análise revelou resultados globalmente superiores no caso 1 (prova de acesso), dificuldades transversais ao conjunto de textos e problemas específicos do grupo de estudantes falantes de variedades do português diferentes do PE. Foram identificadas fragilidades transversais a nível da macroestrutura, como a inclusão de contra-argumentos e a elaboração de uma conclusão adequada ao plano de texto, bem como a nível da microestrutura, como pontuação decorrente de conhecimento sintático e recurso pouco diversificado a conectores contrastivos e causais. Esta caracterização de um perfil de escrita de estudantes à entrada para o ensino superior permite programar intervenções intencionais nas práticas de escrita das diferentes áreas científicas dos estudantes.
Downloads
Referências
Bagno, M. (2009). Preconceito linguístico, o que é, como se faz?. (51ª ed.). Edições Loyola.
Barbeiro, L. F., Pereira, L. Á., & Brandão, J. (2015). Writing at Portuguese universities: Students’ perceptions and practices. Journal of Academic Writing, 5(1), 74-85.
Brassart, D. (1990). Le développement des capacités discursives chez l’enfant de 8 à 12 ans. Revue Française de Pédagogie, (90), 31-41.
Caels, F., Barbeiro, L., & Santos, J. (Orgs.). (2019). Discurso Académico. Uma Área Disciplinar em Construção. Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada- Instituto de Linguística Teórica e Computacional, Universidade de Coimbra / Escola Superior de Educação e Ciências Sociais.
Carneiro, C. (2018). O estudo de casos múltiplos: estratégia de pesquisa em psicanálise e educação. Psicologia USP, 29, 314-321.
Cassany, D. (2018). La cocina de la escritura (25ª ed.). Anagrama.
Costa, A. L. (2010). Estruturas Contrastivas: Desenvolvimento do Conhecimento Explícito e da Competência de Escrita [Dissertação de doutoramento]. Universidade de Lisboa. Costa, A. L., Carreto, V., & Cerqueira, S. (2017). E essa é a minha opinião: para o estudo da emergência da escrita argumentativa. Revista da Associação Portuguesa de Linguística, (3), 51-73.
Costa, J., & Covaneiro, J. (2019). Conhecimentos vs. competências. Uma dicotomia disparatada na educação. Guerra e Paz.
Coutinho, A. (2004). A ordem do expor em géneros académicos do português europeu contemporâneo. Calidoscópio, 2(2), 9-16.
Duarte, I. (2008). O Conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Linguística.
Direção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular. Ministério da Educação.
Hyland, K. (2000). Disciplinary discourses: Social interactions in academic writing. Longman.
Hyland, K. (2017). English in the disciplines: arguments for specificity. ESP Today, 5(1), 5-23.
Leal, T., & Morais, A. (2006). A argumentação em textos escritos: a criança e a escola. Autêntica.
Marques, C. (2010). A argumentação oral formal em contexto escolar [Dissertação de doutoramento]. Universidade de Aveiro.
Miranda, G. (2021, 3 de maio). Português brasileiro rende nota menor e discriminação em escolas e universidades de Portugal. Pesquisa mostra resultados piores de estudantes do Brasil e de alguns países africanos. Folha de São Paulo.
Pinto, M. O. (2020). Escrever para aprender a expor no ensino básico: construindo o modelo didático do género exposição escrita. ReVEL, 18(17), 110-125.
Rodrigues, L. (2009). Dificuldades de síntese na escrita de alunos do ensino superior politécnico [Dissertação de doutoramento]. Universidade de Aveiro.
Rodrigues, S. V., & Silvano, P. (2016). O conhecimento linguístico na organização discursiva da escrita argumentativa no final do ensino secundário. Revista da Associação Portuguesa de Linguística, (1).
Santos, J. (2017). Mecanismos de conexão frásica: a importância das variáveis sociais [Dissertação de doutoramento]. Universidade do Minho.
Santos, J., Silva, P., & Sitoe, M. (2019). Itinerários da escrita académica no ensino superior: Um projeto de investigação aplicada sobre textos e géneros. In F. Caels, L. F. Barbeiro, & J. V. Santos (Orgs.), Discurso Académico. Uma Área Disciplinar em Construção. Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada/Escola Superior de Educação e Ciências Sociais.
Silva & Santos, J. (2011). Contributos para a caracterização do género académico “Resposta de desenvolvimento”. III SIMELP (Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa), 27-38.
Sim-Sim, I., Duarte, I., & Ferraz, M. J. (1997). A Língua Materna na Educação Básica. Competências nucleares e níveis de desempenho. Ministério da Educação, Departamento do Ensino Básico.
Swales, J. & Feak, C. (2012). Academic writing for graduate students. Essential tasks and skills (3a ed.). ELT.
Downloads
Publicado
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2022 Linguística: Revista de Estudos Linguísticos da Universidade do Porto

Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.