Resumo
A poesia de Carlos de Oliveira (1921-1981) descreve paisagens calcinadas, mortas. As próprias estrelas, num poema em prosa de Sobre o Lado Esquerdo (1968), deixam de cintilar: “É o fim do mundo”, comenta o astrólogo do poema. Na prosa poética de Finisterra (1978), por outro lado, a terra morre nas mãos de uma linhagem decadente de proprietários, enquanto os camponeses pobres passam, peregrinos, em silêncio. Esta comunicação pretende interrogar a relação entre a escrita do poema e a morte da paisagem: que ficção política designa e denuncia essa wasteland, ao mesmo tempo natural e humana?