Resumo
A poesia de Antonio Cicero encena a consciência da descontinuidade histórica entre o sujeito pensante e a natureza em permanente fluxo, ecoando a alegoria das ruínas que Walter Benjamin associa à condição moderna. Ao mesmo tempo, contudo, Cicero concebe a poesia como uma busca obsedante da comunidade humana, sem a qual nossas vidas não fariam sentido num universo indiferente e gratuito. Construção (pós)moderna antes que expressão romântica, a poesia funciona para Cicero como uma ponte para o outro, isto é, para além da fragmentação e do narcisismo “essencial e selvagem” da condição humana.