Resumo
As leituras comumente operadas a partir da obra poética de Paulo Leminski consideram, quase que tão somente, suas potências intertextuais – invocando as tradições que, a exemplo dos concretos, o curitibano buscou trazer para si. Quando para nesse ponto, esse tipo de interpretação pode, entretanto, escamotear a relação tensa que se estabelece entre essa poesia e seu contexto histórico, que vai do início dos anos 1960 à redemocratização conturbada dos 1980, passando pela ditadura militar. Pretende-se, portanto, observar a poética de Leminski no torvelinho de seu tempo. Para isso, virão à baila algumas noções fundamentais do pensamento de Walter Benjamin – história, ruína e limiar –, não-raro articuladas a questões do estudo do texto poético e da psicanálise (via Freud), construindo o prisma dinâmico que a estética leminskiana exige.