Resumo
O poema “Crusoe in England”, de Elizabeth Bishop, à primeira vista composto em verso livre, é na verdade um exemplo de polimetria: os versos são de metros diferentes, mas cada um se conforma a um padrão de metrificação tradicional do inglês, com predomínio do pentâmetro jâmbico, o mais comum do idioma. No poema, o pentâmetro representa o não-marcado, e os versos mais curtos assinalam as passagens mais dramáticas. Na tradução, nem sempre foi possível utilizar versos portugueses de corte tradicional, mas os “versos bárbaros” empregados podem em muitos casos ser analisados como versos compostos. Evitou-se o uso de inversões sintáticas com o fim de regularizar a métrica porque o tom coloquial do poema seria prejudicado.