
Este trabalho pretende desenvolver uma leitura comparatista do romance Maina Mendes (1969), de Maria Velho da Costa, e do conto “A terceira margem do rio”, da coletânea Primeiras Estórias (1962), de Guimarães Rosa. Neste ensaio, busco observar de que maneira as concepções de silêncio e relato em ambas as obras convocam questionamentos acerca da composição dos discursos, nomeadamente, acerca das relações entre linguagem e suspensão da linguagem, oralidade e escrita, prolongamento e ruptura, com ênfase, sobretudo, na temática das relações familiares. Para tanto, tomarei como referência teórica as investigações de David Le Breton sobre o caráter polissêmico do silêncio, os pressupostos de Tito Cardoso e Cunha sobre a retórica do não-dito, bem como o conceito de diálogo oculto de Mikhail Bakhtin.