
O corpo tornou-se um dos objectos privilegiados na arte das últimas décadas. "Escolha o corpo que queira e ele será seu (por um preço)" (Elizabeth Grosz). As obras de Cindy Sherman, Diane Arbus e Nan Goldin reflectem o protagonismo dado ao corpo, que contempla e é contemplado. A partir da fotografia das três artistas, pretende-se identificar algumas estratégias de perversão na representação do corpo, passando pela forma como, na busca da (im)perfeição estética, se desafia o espectador a entrar numjogo ficcional, invertendo os papéis. Partindo do princípio de que o corpo fotografado pode ser mutável, tenta-se mostrar
como a partir da metamorfose, da criação do efeito de estranhamento ou de uma mise en scène, a perversão se pode assumir como o exótico (Susan Sontag) ou como uma forma de dominar a "pulsão da morte" (Roland Barthes).