
Se o “universo de sombras” dos romances de Joseph Conrad explica o seu interesse pelas diferentes formas de shadowplay da época, já o sensacionalismo impressionista da sua concepção de “escrita” aproxima-se da dimensão alucinatória do Cinema. Com efeito, apesar das reservas do autor em relação ao cinema – quanto à sua capacidade de dar o “pensamento” e a plasticidade da “voz narrativa” do romance –, Victory, a primeira adaptação ao cinema de uma obra sua, realizado em 1919 por Maurice Tourneur, trabalha sobre essa matéria espectral-luminescente das ficções do autor, situando-se sempre, de uma forma aberta e indecidida, entre o esquiço do “grotesco” e a abstracção dos valores (sentido(s)).