Neste ensaio proponho-me olhar para diferentes construções de Portugal por autores suíços que viajaram a Portugal no século XX. Concentrar-me-ei em dois picos: entre 1926 e1945 e depois de Abril de 1974. De facto, até cerca de 1930, o interesse de Portugal por parte dos suíços era reduzido. Com a ascensão do nacional-socialismo na Alemanha, Portugal ganhou para a Suíça um novo papel, por exemplo, como centro das actividades da Cruz Vermelha Internacional e da marinha helvética, sediada em Lisboa, como se lê em reportagens de Annemarie Schwarzenbach. Olhava-se para Portugal como uma espécie de ilha calma, para as belezas do país, para a sua história, apesar do regime em vigor, tão oposto às tradições democráticas suíças. Após 1974 o interesse foi obviamente outro, concentrando-se principalmente no lado social, sobretudo com Hugo Loetscher que, tendo-se deslocado várias vezes a Portugal, pode estabelecer comparações entre as diferentes fases da reconstrução do país.