De syllogismo falsigrapho: a receção colonial das demonstrações enganosas (do século XIII ao XVIII)
Abstract
No Arquivo Dominicano San Luis Beltrán (Bogotá) encontra-se um manuscrito de um cursus philosophicus inédito, assinado pelo mestre franciscano Pedro Ceballos y Tena, datado de 1741, Quito (Equador). A última secção deste cursus intitula-se Articulus utilis de syllogismo falsigrapho. Pela primeira vez, é possível reconstruir a longa transição do vocabulário e do processo de elaboração dos argumentos enganosos chamados falsigraphi. O pseudo-Escoto mostrou as falácias por detrás deste tipo de argumentação defeituosa, não obstante a origem geométrica desta expressão. Nos textos aristotélicos o falsigraphus é um personagem filosófico que “desenhava” erradamente os princípios geométricos para induzir demonstrações sobre um problema específico (por exemplo, a quadratura do círculo). Contudo, o pseudo-Escoto preferiu destacar a oposição entre os silogismos demonstrativos – e os seus princípios imediatos – e os argumentos sofísticos configurados por ambiguidades linguísticas ou falácias. Os tipos de falácias surgem no Cursus philosophicus dictatus Limae (1701) com o nome de syllogismum pse[u]dographum. A questão que se coloca é a de saber como os leitores posteriores ao pseudo-Escoto assumiram a perspetiva linguística sobre argumentos falaciosos centrados em erros categóricos, ao mesmo tempo que negligenciavam o carácter geométrico dos argumentos que envolviam o uso de um “raciocínio gráfico”. O contraste entre pse[u]dographum e falsigraphus mostrará como a perspetiva linguística acerca dos argumentos enganosos foi abraçada pela Escolástica tardia. No entanto, esta ênfase linguística atinge um ponto interessante em Ceballos y Tena, que recupera a visão do pseudo-Escoto sobre o termo falsigraphus a fim de estar ciente da ambiguidade dos termos lógicos. A hipótese deste trabalho assenta na oscilação histórica dos argumentos enganosos, entre a perspetiva linguística e o raciocínio gráfico que está envolvido nas demonstrações geométricas.
Palavras-chave: Falsigraphus, demonstração, quadratura do círculo, silogística, Escolástica Colonial.
Autores: Aristóteles, Roberto Grosseteste, Nicolau de Cusa, pseudo-Escoto, Pedro Ceballos y Tena, Jose de Aguilar.
DOI: http://doi.org/10.21747/21836884/med40a10
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