RESSOCIALIZAÇÃO DO CONTROLE SOCIAL E REVERSÃO DAS MANIFESTAÇÕES VIOLENTAS EM MOÇAMBIQUE

Resumo

Esta pesquisa estuda as dinâmicas das manifestações violentas em Moçambique e a resposta das autoridades a este fenómeno. O estudo parte do registo da primeira greve de 1993 até a explosão das dívidas ocultas, o maior escândalo financeiro que abalou o país no início de 2016, gerando intenções de revoltas populares até o ano de 2022. O propósito do estudo é compreender como as manifestações violentas foram geridas pelas autoridades, mudando ao longo do tempo e influenciando sua trajetória. Para tal, optou-se por uma metodologia de cunho qualitativo e observação não-participante nos bairros periféricos com histórico de protestos intensos na Cidade de Maputo. O aludido exercício permitiu constatar que após a irrupção das primeiras manifestações violentas, as autoridades geraram progressivamente novos mecanismos de controle social para suprir os mecanismos dissolvidos pelas greves ou fracassados no contexto. Neste processo, foi consolidado o ciclo de controlo social que evitou as manifestações violentas contra as dívidas ocultas, assim como as diferentes formas de manifestações sociais de ordem pacífica.