O "mas" nas crónicas de Ricardo Araújo Pereira: os valores refutativo retificativo e concessivo contra-argumentativo
DOI:
https://doi.org/10.21747/21833958/red9a5Palavras-chave:
Mas, Mas refutativo retificativo, Mas concessivo contra-argumentativo, Ricardo Araújo PereiraResumo
O mas, tal como os marcadores discursivos, no geral, está associado a uma grande discussão entre os estudiosos relativamente à caracterização, bem como à terminologia mais adequada para a sua referência linguística. Sabe-se, no entanto, que é imprescindível para estabelecer uma relação de contraste entre dois segmentos textuais, apesar de, na verdade, poder estar associado a vários valores. Neste trabalho, o objetivo é verificar se, nas crónicas de Ricardo Araújo Pereira, o mas é mais utilizado pelo seu valor refutativo retificativo ou pelo seu valor concessivo contra-argumentativo, seguindo o trabalho de Anscombre & Ducrot (1977). Para isso, selecionámos 24 crónicas e procedemos à análise e classificação de cada ocorrência encontrada. Esta análise permitiu-nos concluir que existe uma forte tendência para o uso do mas concessivo contra-argumentativo, que pode ser explicada tendo em consideração o género textual em que as ocorrências surgem. Com efeito, podemos estar perante um caso em que o género condiciona a língua e, por conseguinte, o valor do mas utilizado.
Referências
Anscombre, J.-C. & Ducrot, O. (1977). Deux mais en Français?. Lingua 43, pp 23-40.
Antunes, C. M. S. (2014) O uso de operadores argumentativos em artigo opinativo. In: Gouvêa, L. H. M. (orgs) Argumentação: um estudo da macro e da microestrutura textual. LETRAS UFRJ, pp. 146183.
Barros, C. (1998). A propósito de morfemas Contrastivos em Português: um “mas” de excepção/ provocação”. In: Fonseca, J. (org.). A Organização e Funcionamento dos Discursos. Estudos sobre o Português. Tomo I. Porto: Porto Editora, pp. 49-58.
Coutinho, M. A. (2004). Organizadores textuais - entre língua, discurso e género. In F. Oliveira & I. M Duarte (orgs). Da língua e do discurso. Porto: Campo das Letras, pp. 283-298.
Lopes, Ana Cristina Macário (2016). Discourse Markers In: Wetzels, W. L.; Costa, J.; Menuzzi, S. (eds). The Handbook of Portuguese Linguistics. Bognor Regis: John Wiley & Sons, pp. 441- 456.
Morais, M. d. (2012). Marcadores da Estruturação Textual: Elementos para a descrição do papel dos marcadores discursivos do processamento cognitivo do texto. Vila Real: Centros de Estudos em Letras da UTAD.
Pinto, A. G. & Pereira, C. (2014). Modalização e Construção do Humor nas Crónicas de Ricardo Araújo Pereira, Redis: Revista de Estudos do Discurso, (3), pp. 108-124.
Sousa, S. M. (2014). Contributos para o estudo da refutação em Português Europeu Contemporâneo. Tese de Doutoramento. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Tuzino, Y. M. M. (2009). Crônica: uma Intersecção entre o Jornalismo e Literatura. Artigo publicado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Acedido em junho 9, de 2020 em http://www.bocc.ubi. pt/~boccmirror/pag/tuzino-yolanda-uma-interseccao.pdf
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2020 Redis: Revista de Estudos do discurso
Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0.
Os autores cedem à REDIS: Revista de Estudos do Discurso, o direito exclusivo de publicação dos seus textos, sob qualquer meio, incluindo a sua reprodução e venda em suporte papel ou digital, bem como a sua disponibilização em regime de livre acesso em bases de dados.
