Filosofia. Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Complete Volume

Joana — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

DOI: https://dx.doi.org/10.21747/21836892/fil39

Folha de Rosto

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Ficha técnica

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Publication Guidelines

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Índice

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David J. Rosner (ed.), Catastrophe and Philosophy, Lexington Books, 2019; 370 pp.; ISBN 978-1-4985-4011-7

Tiago Mesquita Carvalho — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

DOI: https://doi.org/10.21747/21836892/fil39r1

Editorial Statute

I F — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

Catástrofes e Filosofia. Introdução ao Problema

Tiago Mesquita Carvalho — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

https://doi.org/10.21747/21836892/fil39intr

The dispersion of catastrophes. The limitless and the struction of the world

Jorge Leandro Rosa — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

In this text, we propose to examine the ways in which Nancy’s thought of catastrophe, indebted to Heidegger’s questioning of ontology and its history, embarks on a reading of the contemporary world marked by the passage of the “with” (Mitdasein) from the existential plane to the plainly categorial one. Thus, the ontological constitution of the existing slides into pure juxtaposition, as this appears in his analysis of the “proliferation of ends” and their incessant transformation into means. We also dedicate our attention to the ruin, saturation and rupture of the “construction” model. It is in the infinitization of each and every action, through the unpredictable technical architecture in the base of its design, that the catastrophic penetrates the world with its constitutive multiplicity and the state of “suspension” that defines it. The life of waste in its dispersion is exemplary in this context: the catastrophe thus unfolds in lapses thrown into the environment and the psyche of the subjects, something that can be seen as the introjection of the temporality of struction. The anomie that today shelters the catastrophes that intertwine before our eyes, apparently “scandalous” in a paradigm of action, takes place in a «present that never fulfills itself as presence» (Nancy) and that finds itself in the impossibility of expressing the meaning of the world. The disorder of struction, which characterizes what some inappropriately call the Anthropocene, does not happen as a reversal or a destruction of an order, but rather as a disconnection of the imperative character of the order. From this question, a discussion opens on the meaning of the community that is on the verge of catastrophe.

Keywords: Ontology, Catastrophe, Struction, World, Nancy.

Catastrophic Times

Ralf Gisinger — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

With catastrophic events of «nature» like global warming arguments emerge that insinuate an equivalence of vulnerability, responsibility or being affected by these catastrophes. Such an alleged equivalence when facing climate catastrophe is already visible, for example, in the notion of the «Anthropocene» itself, which obscures both causes and various vulnerabilities in a homogenized as well as universalized concept of humanity (anthropos). Taking such narratives as a starting point, the paper explores questions about the connection between catastrophe, temporality, and history following mainly Walter Benjamin, Dipesh Chakrabarty and Jean-Luc Nancy with the goal to provide (1) a critique of the concept «Anthropocene» on the basis of nonequivalence while retaining its key features to still grasp the catastrophic present, (2) an analysis of anthropocenic time and the chronical structure of catastrophe, (3) philosophical considerations on the intersection of catastrophe and history.

Filosofia do pior

Emanuele Bottazzi Grifoni — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

This article considers Clement Rosset’s Logique du pire and Hans Jonas’ Das Prinzip Verantwortung from the point of view of the worst. These are diametrically opposed books in many ways. If for the former everything is chance (hazard) and no action is possible except that of exterminating laughter, for the latter action to avert catastrophe is a duty and it is mere gamble (azzardo) to add chance to chance in reckless actions. Both solutions are insufficient. To understand this, it is necessary to have a more perspicuous view on catastrophe. A catastrophe is that event, unpredictable when it develops, that indiscriminately involves a group of individuals and inflicts them irreversible or, better, amputating damage. Therefore, it is necessary to build a philosophy of the worst on a philosophy of amputation.

Keywords: Rosset, Jonas, Worst, Catastrophe, Amputation.

Da ligação existencial entre a catástrofe e a tragédia On the Existential Link of Catastrophe and Tragedy

Victor G. Rivas López — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

A tese principal deste artigo está exposta no seu próprio título. Para prová-la, será necessário eliminar o habitual significado negativo ou até melodramático dos dois conceitos que aí figuram e tomá-los ao invés como os dois extremos do processo dialéctico de redefinição da consciência sociopessoal. Deste modo, qualquer catástrofe, devido a um factor natural ou humano, implica a ruptura violenta das condições normais de existência, cujas consequências directas cada um deve compreender e superar nas tríplice determinação ontológica, social e psicológica do si próprio (self). Por sua vez, a tragédia representa a fase de integração crítica e reflexiva que se segue à catástrofe, a qual vai muito além da negatividade pura da dor e mesmo da morte. Porque mesmo que morram a pessoa ou as pessoas levadas pela catástrofe, outros poderão tirar o máximo partido disso e a consciência sociopessoal será rearticulada. Claro que isto implica que o si-próprio em questão não é apenas individual, mas que outros elementos do mundo da vida deverão ser considerados para que o fenómeno, para além de qualquer abordagem prévia, revele um novo ou até crítico sentido da existência. Assim, embora ao longo de toda a sua existência exista uma negatividade inegável, é visado um nível mais profundo de compreensão da existência, o que implica afinal que a catástrofe seja contextualizada num quadro cultural concreto e não apenas como súbita perturbação e que a tragédia seja, assim, concebida como um instrumento filosófico mais do que como um género literário que lida com a crueldade do destino. Para alcançar os seus objectivos, o artigo está dividido em três secções de extensão variável: na primeira será analisada a experiência e o sentido da catástrofe; na segunda, a da tragédia e na terceira, será brevemente mostrado por que é que a compreensão do nexo de ambos os fenómenos é crucial para a dinâmica intelectual actual.

Palavras-chave: violência, finitude, situação, consciência, dialéctica.

Responsabilidades partilhadas e a preparação para desastres

Javier Gil — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

Este artigo centra-se em algumas considerações da «ética dos desastres» a propósito da preparação face a desastres e respectivas responsabilidades. Após se recordar que as preocupações a respeito da preparação e vulnerabilidade têm nas últimas décadas vindo ao de cima no domínio da «redução do risco de desastre», o artigo advoga a perspectiva de que a demarcação entre desastres naturais e desastres com origem humana tornouse turva e, em muitos casos, até questionável. Argumentar-se-á que a avaliação ética dos desastres tem de considerar todo o ciclo de desastres e que os deveres éticos se estendem à fase de preparação face a desastres, exigindo um enquadramento prospectivo e responsabilidades compartilhadas. Serão comentados, neste âmbito, alguns deveres éticos a propósito da preparação face a desastres. Por último, o artigo discutirá uma dinâmica sócio-epistémica de atribuição de culpa que desequilibra a consideração das condições de vulnerabilidade e das responsabilidades morais das vítimas mais desfavorecidas resultantes de certos desastres.

Palavras-chave: Ética dos Desastres, Deveres, Preparação, Responsabilidade, Vulnerabilidade.

Necessidades humanas ou vontades humanas? O impacte das crises e catástrofes nos direitos humanos

Marzia Marastoni — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

Filósofos, juristas e cientistas políticos têm desde há muito tempo abordado e tentado resolver questões relacionadas com direitos humanos, crises e catástrofes. Este artigo tem como objectivo fazer o ponto da situação de tais debates e mostrar que os direitos humanos e as crises são mutuamente interdependentes. Mais precisamente, ilustra-se como os instintos e as emoções desencadeados pela materialização de certas crises e
catástrofes podem desvalorizar a implementação de legislação em matéria de direitos humanos, uma vez que influenciam a nossa concepção da fundamentação dos direitos humanos enquanto direitos morais. Por esta razão, torna-se necessário apelar a uma “teoria da vontade” como justificação para a fundamentação e implementação de direitos humanos em tempos de crise.
Palavras-chave: Direitos Humanos, Crise, Catástrofe, Direitos Morais, Direitos
Legais.

O lado antrópico dos desastres. Uma perspectiva filosófica a partir do Japão

Romaric Jannel, Laÿna Droz, Takahiro Fuke — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

O que é um desastre? Este artigo explora os diferentes níveis hermenêuticos que devem ser tidos em consideração ao se abordar esta questão através do caso do Japão. Em vez de uma visão dos desastres como eventos espácio-temporais, abordam-se os desastres a partir da perspectiva do milieu. Primeiro, com base nos “dicionários de desastres” japoneses, descreve-se o respectivo vocabulário japonês. Em segundo lugar, o artigo faz uma breve revisão da tradição interdisciplinar japonesa de gestão dos desastres. Para salientar o aspecto humano dos desastres, é introduzida a ideia de fūdo 風土. Este conceito permite-nos ver os desastres como um fenómeno do milieu, que emerge das relações co-constitutivas entre indivíduos, comunidades, e o ambiente local. A última parte discute as narrativas de alguns actores políticos nacionais e internacionais que ligam a «identidade e cultura japonesas» à gestão das catástrofes e por vezes incluem reivindicações nacionalistas inculcadas na essencialização da «excepção japonesa». Dada a importância fundamental das representações socioculturais e políticas das catástrofes ligadas às política de identidade e a crescente frequência e intensidade das catástrofes, uma perspectiva a longo prazo, centrada na população local e culturalmente sensível às catástrofes poderia ser melhor adaptada à era da mudança climática.
Palavras-chave: catástrofe, filosofia japonesa, resiliência, Japão, fūdo 風土, essencialismo.

Pandemónio e Animismo Postmedia

Joff Peter Norman Bradley — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

No que se segue, distingo «animismo pós-média» do meu termo preferido «animismo pós-moderno» e que defendo ser um termo mais adequado para expressar artes e meios
de comunicação social menores, virtuais e subversivos. Em tempos de trauma planetário, devastação ecológica e colapso, este termo servirá como conceito heurístico para rastrear a passagem da pandemia, do pânico, da catástrofe e da crise para a série do pandemónio, do delírio e do carnavalesco. O meu estratagema é invocar o rebelde e afirmativo imaginário Yōkai (妖怪, avantesma, fantasma, aparição estranha) a fim de contestar formas passivas
de “narcisismo transcendental” ou “miserabilismo transcendental”. Isto será desginado como uma estética da existência. Em particular, analisarei a relação entre as catástrofes naturais e a política no imaginário japonês no rescaldo do terramoto de Outubro de 1855 (安政江戸地震, Ansei Edo Jishin) durante o período Edo da história nipónica (FIG 1) através da referência aos Namazu-e (鯰絵, xilogravuras que representam o peixe-gato) e os seus efeitos políticos. A minha intenção é mostrar que esta forma de arte histórica, nascida do trauma, demonstra uma estética efabulatória, política e dissonante, de resistência e
criatividade. Trata-se de um imaginário que está notoriamente ausente da nossa situação contemporânea.
Palavras-chave: pós-media, animism, Período Edo (江戸時代 –1603-1867), Guattari.

Na antecâmara da catástrofe ou pensar o peresente a partir do impensado

Irandina Afonso — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000

Expressions of nationalisms, identity-based conflicts and violent (de)territorializations are increasingly frequent and widespread throughout the world, related very often to the dynamics of human mobilities and geopolitical reconfigurations. They embody a complexity which, in this article, will serve a theoretical critique of the present and the equation of transformations in the processes of production of social relations, structures of social living and subjectivity. Contemporary socio-political conflicts are thus aligned with questions about the possibility of collective endeavours and its conditions of applicability - in contexts of dispersion, conflict, and inequality - as preventive or mitigatory efforts for potential disasters.
Keywords: deterritorialisation, catastrophe, social and political philosophy, subjectivity, social ontology.

Onomastic Index

I F — Mon, 02 Jan 2023 00:00:00 +0000