Resumo
Este artigo começa na leitura de “O Corpo de Michael Brown”, de Kenneth Goldsmith. Texto exemplar da Escrita não Criativa, o poema abre um campo de reflexão sobre a teoria e a prática das escritas de cópia e apropriação. Por meio da construção do texto e da sua recepção, com críticas de cunho político, conseguimos identificar o lugar e as responsabilidades da enunciação como problemas caros à poética do não original. De modo a estudar como tal problemática se constitui, tomamos por objeto os enunciados dos textos envolvidos no acontecimento deste poema. Retomamos, a partir dele, a base conceitual da Escrita não Criativa. Contrapõe-se a isso as teorias que disputam “o problema de falar pelos outros”, como Spivak e Alcoff. Entre as contradições destas perspectivas, acaba-se por demonstrar uma instabilidade da apropriação, bem como a necessidade de estudá-la em um contexto mais amplo, pós-autônomo, que leve em questão seus contextos e efeitos.