Resumo
Na poética de Francis Ponge, as coisas são materiais de inspeção que ajudam a compor uma espécie de arqueologia do presente, remontando o que constitui o homem e sua relação com a realidade. Porém, longe de qualquer tentativa de fixação desse mesmo presente, a poesia pongiana, sorte de rascunhos, anotações incompletas, textos inacabados parecem se apresentar para o leitor como um caleidoscópio cujos cacos de cristais e espelhos não cessam de desdobrar novos significados a cada gesto da escrita. O “método” pongiano se revelaria, assim, como processo de investigação do próprio texto (do) mundo, oferecendo-nos suas poesias menos como essência das coisas do que como exploração de seus possíveis significados.