Resumo
Neste artigo tratamos da noção de performatividade poética em relação às propostas de Christophe Tarkos e Georges Aperghis, tendo em vista a presença do que chamamos de “hábitos de fala”, na construção das vocalidades típicas de seus textos. Como pressuposto para nossas reflexões está o conceito de performance trazido pelo teórico e medievalista Paul Zumthor e sua relação intrínseca com a presença da voz e de uma temporalidade específica: o “tempo real” que caracteriza a experiência da leitura poética concebida enquanto performance, e que aqui denomina-se por “ao vivo”. Distinguimos assim as diferentes músicas da fala criadas pelos autores, a partir de operações singulares de cada um com os “hábitos de fala” e seus respectivos envelopes sonoros. Trata-se de ressaltar a presença desse “ao vivo” e do tempo irreversível, nas poéticas de Tarkos e Aperghis, com exemplificações a partir de seus escritos.