
A Patagónia tem sido olhada por muitos viajantes como um lugar mítico pelas suas caraterísticas geográficas, históricas, sociais e culturais. Os olhares de fora (europeus, neste caso) levam consigo essa carga cultural, sempre diferente, mas com pontos comuns. Aqui serão analisadas e comparadas diversas construções feitas por viajantes do século XX à Patagónia argentina e chilena. Serão escolhidos espaços semelhantes, para melhor se aperceber o modo como cada um vê e, a partir daí, constrói a sua narrativa e até que ponto as ideias sobre aquele espaço prévias à viagem, nomeadamente o seu caráter mítico, influenciaram quer a viagem propriamente dita, e a qualidade da visão, depois transformada em discurso. Interessa também detetar a presença da informação ‘objetiva’ e a reação subjetiva do viajante textual, nomeadamente a insegurança muitas vezes transmitida por aquele vasto território e a transformação desse olhar numa construção discursiva, que, por sua vez, corresponde a um novo olhar, que está disponível para o leitor. Passando pelo incontornável Bruce Chatwin, focaremos as viagens de autores europeus publicados em livro, como, os portugueses Raquel Ochoa, Gonçalo Gil Mata, Maria João Ruela, o sueco Mats Tormod, a alemã Carmen Rohrbach.