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Artigos

N.º 30 (2014): De Idas e Regressos. Declinações da Viagem

Entrelaçando os Fios da Memória: um Piloto-Poeta no Exílio

  • Patricia Munhoz
Enviado
April 17, 2016
Publicado
2014-06-17

Resumo

Em setembro de 1939, eclode a Segunda Guerra Mundial, a França declara guerra à Alemanha e o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry é nomeado capitão do grupo 2/33, encarregado de realizar voos de reconhecimento fotográfico sobre o norte da França, a fim de fotografar a movimentação do inimigo nos territórios ocupados pelo equipado exército alemão. Com a derrota de seu país e a assinatura do armistício em junho de 1940, Saint-Exupéry decide exilar-se nos Estados Unidos, onde publica algumas obras, tais como Piloto de Guerra (1942), Carta a um refém (1943) e o famoso O Pequeno Príncipe (1943). Neste trabalho, pretendemos abordar Carta a um refém, apoiando-nos principalmente nas reflexões de Edward Said a respeito da teoria do exílio, a partir do olhar em trânsito de Saint-Exupéry, que evoca em seu texto diversas experiências, como sua passagem por Portugal em 1940, quando estava a caminho dos Estados Unidos; o tempo vivido no Saara; sua experiência como piloto de guerra na derrota francesa contra os alemães e sua passagem como repórter durante a guerra civil na Espanha. Portanto, podemos contemplar o olhar sensível de um escritor que, por meio das experiências vividas e lembradas, é capaz de enxergar a si mesmo, ao outro e ao mundo que o rodeia com respeito e tolerância, valores pouco cultivados em tempos bélicos. Em cada uma delas, reúnem-se recordações de experiências pessoais do autor, que leva o leitor a acompanhá-lo nesse caminho da memória na conformação de um sujeito em deslocamento. Assim, entrelaçando os fios da memória, o autor denuncia as intolerâncias em tempos de guerra e recupera os valores essenciais para a humanidade, renovando seu apelo, quase como um grito: “Respeito pelo Homem!”