Quando Leonard Woolf leu Jacob’s Room pela primeira vez antes da sua publicação, disse o que ficou registado no diário de sua mulher: “[h]e thinks it my best work (…) he says people are ghosts; he says it is very strange.” [Ele acha que é a minha melhor obra (…) diz que as pessoas são fantasmas; diz que é muito estranho]. Este artigo demonstra como Jacob’s Room e Mrs Dalloway de Virginia Woolf são obras que se ocupam dos efeitos da Primeira Guerra Mundial e que apresentam vítimas de um conflito armado como fantasmas. Cenas violentas de batalhas estão ausentes das páginas de Woolf, mas a guerra está presente através de figuras que pereceram, foram feridas mental ou fisicamente, entes queridos cujas vidas se transformaram num vazio. A natureza fragmentada destas duas obras reflete a realidade fragmentada da Inglaterra do pós-guerra. Este conflito afetou toda a população, homens e mulheres de todos os estratos sociais. Os documentos pessoais de Woolf deixam claro como a sua vida foi perturbada por raides aéreos, pela escassez de alimentos, pelo recrutamento de familiares e amigos do sexo masculino, pela luta daqueles próximos da autora por obter o estatuto de Objetores de Consciência ou pela inevitável morte nas trincheiras de alguns. Como escritora, Virginia Woolf respondeu artística e criticamente à enormidade da guerra.