
Destacar, a partir de Paranóia (1963), a importância de Roberto Piva no panorama literário brasileiro. Breve abordagem de um ato antropófago tardio com base em vários aspetos: 1. recurso à discursividade (verso longo, conteúdo narrativo, choque semântico); 2. aposta contrária ao plano racional proposto pelos concretistas; 3. oposição entre "universo sagrado" e "submundo paulista"; 4. identificação do poeta e do "eu paranóico"; 5. aprofundamento da visão interior com recurso aos narcóticos; 6. diálogo entre Roberto Piva e os manifestos de Oswald de Andrade; 7. uso recorrente da metáfora da devoração – digestão – interiorização; 8. extensão do conceito de "antropofagia" nas décadas de 60 e 70 no Brasil; 9. emancipação do sujeito paranóico em relação à sociedade ("homem natural" versus "homem civilizado"); 10. diálogo entre as práticas antropofágicas de Piva e o movimento surrealista.