A proposta deste artigo é analisar a obra Os condenados, do escritor brasileiro Oswald de Andrade, na perspectiva de uma festa de carnaval. Pretende-se, através dessa festa, mostrar as múltiplas facetas da cidade, presentes na diversidade dos quadros que se sucedem de forma vertiginosa: carros, pessoas, fantasias, músicas, danças, permitem visualizar a riqueza de uma urbe em rápido processo de modernização. A euforia generalizada é captada através de Jorge d’Alvelos, personagem do romance que está profundamente triste pela recente morte da amada. Esta circunstância, ao inviabilizar a sua integração na festa, lhe permite registrá-la com um olhar distanciado, de observador atento aos detalhes vedados aos outros, àqueles que estão vivenciando o evento. Apesar de manter a sua posição de espectador, ele não fica imune à fascinante beleza do espetáculo, sintomático de uma cidade rica, o que está amplamente representado na exuberância do espetáculo. Os textos Problemas da poética de Dostoievski e A cultura popular na Idade Média, de Mikhail Bakhtin são fundamentais para esta discussão.