
Nascido em 1913, Vinicius de Moraes fez a sua formação cultural e literária no Rio de Janeiro, em tempo de afirmação e efervescência modernista, que levou alguns modernistas a preconizar a ruptura com os “mestres do passado” (Mário de Andrade), com as Academias e com os portugueses. Curiosamente, o poeta foi então marcado – e não disfarçaria, nem ocultaria essas marcas - pela leitura de obras de dois portugueses, um verdadeiro “mestre do passado”, Guerra Junqueiro, falecido em 1923, e outro o mais notório académico de várias décadas (nascera em 1876 e faleceu em 1962), que suscitou o retumbante “manifesto anti-Dantas” do modernista Almada Negreiros. Mas já se sabe que no mundo da criação literária e artística as mais proclamadas regras das escolas ou as mais excitantes modas nunca se impõem tanto que não permitam o aparecimento de obras e autores de qualidade que, por experiência própria, incluindo a de leituras, ou por gosto, no todo ou em parte as contrariem.