
Trazer a matéria romanesca e a narrativa para o palco tem sido uma das mais dilectas tentações do drama e da cena contemporâneas. Neste artigo, darei conta de alguns espectáculos portugueses que encontram a sua génese
dramatúrgica num romance e discutirei a maneira comocada umverte para a cena a palavra narrativa. Assim, tratarei dos espectáculos O que diz Molero (de Dinis Machado/ enc. António Feio, 1994); Ensaio sobre a cegueira (de José
Saramago/ enc. João Brites, 2004); Sobreviver (de Gonçalo M. Tavares/ enc. Lúcia Sigalho, 2006); Moby Dick (de Herman Melville/ enc. António Pires, 2007); Visões sobre cemitérios de pianos (de José Luís Peixoto/ enc. Luís Castro-Karnart, 2007); e Jerusalém (de Gonçalo M. Tavares/ enc. João Brites, 2008). Na descrição e no confronto de cada um dos processos de adaptação/criação viso contribuir para uma caracterização da pulsão romanesca na cena portuguesa contemporânea.