
Um olhar sobre a obra poética de Manuel Gusmão permite identificar com clareza que, na sua poesia, permanentemente atravessada pelas vozes de outros, Maria Velho da Costa é convocada em diversos momentos como uma das vozes da alteridade que integram a busca do poeta por uma coralidade para a sua poesia. O presente trabalho pretende identificar alguns desses gestos de alusão e citação da obra de Maria Velho da Costa na obra poética de Manuel Gusmão, analisando a forma como a obra da autora ali é acolhida e transformada, revelando, entre outras, a bi-direccionalidade da relação leitura-escrita. Equaciona-se a relação entre intertextualidade e processo hermenêutico/crítico, tal como é sugerida pela continuidade observável entre os trabalhos ensaísticos de Manuel Gusmão e as suas escolhas produzidas no campo da (re)elaboração poética.