
Conversa Acabada (João Botelho, 1981) é um filme que, evidenciando uma conceção da imagem cinematográfica como “plana” e uma noção de reconhecimento, investigação e exploração do seu próprio dispositivo, se serve da representação fílmica das obras de Fernando Pessoa e de Mário de Sá-Carneiro para fornecer uma evidência que o cinema de carácter mais hegemónico tende a ocultar: a heterogeneidade material do meio cinematográfico. Através de conceitos teóricos propostos por André Bazin e por Ágnes Peth?, o propósito deste artigo será demonstrar que o filme, servindo-se de um tipo de imagem afim à de uma superfície através de recursos como a intermedialidade e a reflexividade, apresenta diferentes formas de inscrever a escrita no filme.