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Artigos

N.º 29 (2013): Margens & Periferias. Perspectivas de Inclusão

A Exumação da Morte: Angústia e Memória em Nuno Júdice e Jáder de Carvalho

  • Sarah Ipiranga
Enviado
July 19, 2016
Publicado
2016-07-19

Resumo

A morte, enquanto instância significativa, é o eixo dos livros O anjo da tempestade, de Nuno Júdice e de Cantos da morte, de Jáder de Carvalho. Assentados na reconstrução de uma memória particular (o primeiro, prosa; o segundo, poesia), ambos têm na narração autobiográfica o ponto de partida para a enunciação textual. Através da vivência da morte de uma terceira pessoa - um parente, no relato de Nuno Júdice, e um conjunto de mortos, no caso de Jáder de Carvalho -, procura-se traçar o percurso desse acontecimento, suas implicações na vida pessoal e injunções na elaboração estética dos textos. A mediação é dada pela angústia, sentimento que atravessa os dois livros e dá a medida do enfrentamento da morte e da sua repercussão nos narradores. Com estratégias discursivas bem diferentes, que vão da fragmentação narrativa do primeiro à contenção formal do segundo, os dois autores montam um trajeto que compartilha memórias pessoais e históricas para desaguar na constituição da subjetividade de cada um. Por isso perceber de quais instâncias e estratégias os dois escritores se valem para da morte do outro fazer um percurso a si mesmo é o que intentamos analisar neste artigo. As contribuições de Paul Ricoeur, sobretudo as ideias acerca de angústia e morte; de Giorgio Agamben, com suas reflexões sobre a memória; de Mikhail Bakhtin, através das considerações sobre morte e personagem; como também os estudos de Clara Rocha e Paula Morão que têm a autobiografia como objeto teórico são conceitualmente a linha metodológica empreendida na leitura e análise dos textos.