Julio Cortázar foi um dos precursores de uma nova forma de literatura, de estrutura não linear, que provoca e convida o leitor a participar num jogo intelectual que faz do texto um tabuleiro de xadrez, ponto de encontro de estratégias plurívocas. Na sua obra O Jogo do Mundo (Rayuela), Cortázar enobrece o fator lúdico ao apresenta-lo como um processo cognitivo que potencia novos modos de ver (e de ler), e evidencia a sua presença nas letras através de referências intertextuais a obras e movimentos que usaram o jogo como base de criação e inovação estéticas. Este artigo pretende fazer uma reflexão sobre a alteração de pensamento que ocorre na primeira metade do século XX em conjunto com a teoria do jogo de Johan Huizinga, e criar uma relação com o processo criativo de Julio Cortázar na construção literária que é O Jogo do Mundo.