
A leitura de O Marinheiro (1915), de Fernando Pessoa, como obra policial, feita nos anos 1950, por parte do poeta modernista Alfredo Guisado, é o ponto de partida para uma reflexão sobre diferentes práticas e posições teóricas contemporâneas face à interpretação literária. Percorridos que são alguns dos conceitos axiais nos debates sobre este assunto, defende-se, neste ensaio, a importância de uma “hermenêutica da diferença” contra a “hermenêutica da identidade” que as comunidades interpretativas produzem. No horizonte desta reflexão situa-se a vastíssima “obra” inédita de Fernando Pessoa que tem vindo a ser editada na última década.